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ESPIONAGEM
Material da Kroll será periciado em Brasília
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA, EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL
A operação que a Polícia Federal
deflagrou ontem para investigar a
empresa Kroll reuniu um caminhão de documentos, computadores e equipamentos que agora
serão periciados em Brasília. Os
policiais federais têm nas mãos,
agora, uma série de investigações
já realizadas e ainda em curso na
Kroll, que envolvem dezenas de
empresas e pessoas.
O material foi transportado da
sede da Kroll para a Superintendência da Polícia Federal, em São
Paulo, num caminhão de mudanças. "A documentação e o tipo de
equipamentos eletrônicos de informática que nós procurávamos
foram encontrados em uma
quantidade muito farta de material para ser analisada", disse, no
final da tarde, o delegado da PF de
Brasília e porta-voz da operação,
Romero Menezes.
O trabalho da Polícia Federal só
começou. A expectativa é que a
análise de todo esse material possa trazer elementos para desvendar as supostas irregularidades
cometidas pela Kroll, eventualmente com a conivência da Brasil
Telecom.
Sobre as mesas dos investigadores privados distribuídas entre o
oitavo e o nono andar do Bloco B
do Edifício Tenerife, sede da
Kroll, localizada no bairro da Vila
Olímpia, os policiais encontraram
escrituras de imóveis, estatutos e
registros de empresas em juntas
comerciais, atas de reuniões e cópias de processos judiciais.
No nono andar, uma das salas
estava inteiramente ocupada com
um provável arquivo morto: caixas de papelão com etiquetas de
"caso encerrado".
Mas foi no oitavo andar que a
PF encontrou o indício mais suspeito detectado ontem: equipamentos que poderia ser utilizados
para fazer escutas telefônicas. As
características técnicas foram reconhecidas por um perito da PF
recrutado para a missão.
Combinado com os demais elementos que sugerem prática de
atividades ilegais, a revelação do
potencial criminoso dos aparelhos levou à prisão de cinco funcionários da Kroll -previsão que
não existia na manhã de ontem,
quando a Polícia Federal desencadeou a Operação Chacal.
Encapuzados
Os policiais chegaram ao prédio
da Kroll em três carros e numa camionete descaracterizados. Com
capuzes de malha que deixaram
apenas os olhos visíveis -alguns
até armados-, avisaram à recepcionista de que se tratava de uma
operação policial e tiraram os telefones da portaria do gancho.
Entraram no prédio pulando as
catracas do térreo e se instalaram
entre o oitavo e o nono andares.
Três funcionários da Kroll
-um deles mexicano-, que
chegaram ao trabalho depois das
9h30 e pediram para não se identificar, foram informados de que
não poderiam ingressar na empresa. O mesmo aviso foi dado à
recepção do prédio: a Kroll não
teria atividades ao longo do dia.
Para fazer chegar os lanches do almoço ao destino, o entregador esperou uma hora e meia.
Às 16h30, em plena operação
(que não havia sido concluída até
o fechamento desta edição), um
dos carros usados pela PF, um
Fiat Uno vermelho, quase foi
guinchado pela CET (Companhia
de Engenharia de Tráfego) porque estava parado em local proibido. Avisado, o fiscal de trânsito
rasgou a autuação (algo em torno
de R$ 175) e dispensou o guincho.
Os 90 policiais mobilizados iniciariam o cumprimento dos mandados simultaneamente em 16 locais. São Paulo teve sete alvos.
Outros seis foram deflagrados
no Rio de Janeiro, entre os quais,
pela segunda vez, a casa do português Tiago Verdial, contratado
pela Kroll para atuar no "Projeto
Tóquio", nome que batizou a investigação sobre a Telecom Itália.
Em julho, Verdial chegou a ser
preso e depois liberado pela PF.
As cidades de Ribeirão Preto,
Brasília e Curitiba tiveram um alvo de atuação da PF cada uma.
(AM e RV)
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