São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O PRESO

Antes de prisão, diretor da Kroll se disse aliviado com investigação

DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco horas antes de ser preso pela Polícia Federal sob acusação de formação de quadrilha, o diretor de serviços financeiros da Kroll no Brasil, Eduardo Gomide, 35, disse à Folha, por telefone em sua casa, que a investigação da PF estava lhe dando "um alívio".
"Acho bom que isso ocorra. Acho absolutamente normal [a operação]. Vamos pode ser ouvidos e prestar esclarecimentos", disse Gomide, que até ontem não havia sido intimado pela Polícia Federal no decorrer do inquérito da PF que investiga supostas irregularidades da empresa na investigação sobre a Telecom Itália. "Nós queremos colaborar, deixar claro qual é a nossa metodologia", disse o diretor da Kroll.
Horas depois das declarações, ele foi preso com outros quatro funcionários na sede da Kroll em São Paulo. Até o início da noite de ontem, permanecia detido no prédio da Superintendência da PF, em São Paulo.
Seus advogados, procurados pela reportagem ao longo do dia, não foram localizados.

Código
Segundo Gomide alegou, de manhã, a empresa, que atua há dez anos no Brasil e tem 60 funcionários, segue um código criado pelo governo norte-americano pelo qual as filiais estrangeiras de empresas sediadas nos Estados Unidos ficam obrigadas a não "comprar informações ou cometer qualquer tipo de ilegalidade".
O diretor da empresa ressalvou que a filial brasileira não foi contratada para executar o "Projeto Tóquio", nome que designa a investigação sobre Telecom Itália, mas, sim, a filial da empresa na Inglaterra.
Gomide voltou a negar que autoridades do governo brasileiro, como o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb Lima, e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Lula, Luiz Gushiken, tenham sido investigados pela empresa.
"O governo nunca foi alvo de nenhuma investigação nossa", afirmou o executivo.
Gomide colocou em dúvida a autenticidade dos documentos entregues pela Telecom Itália à polícia (cerca de 80 relatórios, e-mails e imagens de vídeo), que deram origem à investigação sobre os procedimentos da empresa.
"É de se estranhar que [a documentação] tenha sido enviada pela parte antagônica, uma empresa que trava disputa judicial com a outra", disse Gomide.
O executivo negou que a Kroll tenha recorrido a métodos ilegais.
"Não cometemos nenhum ato que embarace a empresa. A gente tem sido massacrada pela imprensa, mas não existe absolutamente nada que seja antiético ou ilegal", afirmou o executivo da Kroll.
Gomide disse que a experiência da empresa está acumulada em investigações que beneficiaram empresas e o instituições brasileiras. A Kroll trabalhou na auditoria da massa falida da Encol e na atuação da máfia das liminares das transportadoras de combustíveis.


Texto Anterior: Leia a íntegra da nota divulgada pela empresa
Próximo Texto: Casa de Carla Cicco em Brasília é vasculhada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.