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ECOS DO REGIME
Mulher de desaparecido no Araguaia diz que presidente fez menos que Collor em relação aos arquivos da ditadura
Para familiares de mortos, Lula fez pouco
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dizendo-se decepcionados com
o governo Luiz Inácio Lula da Silva, familiares de mortos e desaparecidos políticos do regime militar afirmaram que a administração petista "fez, até agora, menos
do que o governo [Fernando]
Collor [de Mello] em relação aos
arquivos da ditadura".
Em entrevista a correspondentes estrangeiros em Brasília, eles
defenderam a abertura de arquivos da ditadura (1964-1985) primeiro aos familiares.
Segundo Suzana Lisboa, representante dos familiares na Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos, e Criméia Almeida, ex-guerrilheira e companheira de André Grabois, desaparecido no Araguaia, a imprensa
internacional "sempre foi importantíssima para denunciarmos os
crimes da ditadura". "Hoje estamos denunciando os crimes da
democracia", disse Suzana.
Segundo ela, o único presidente
que abriu arquivos da ditadura
militar foi o Fernando Collor de
Mello (1990-1992). "O presidente
Lula, com tantos membros de esquerda, em quem votamos e por
quem fizemos campanha, nem
sequer nos recebeu ou respondeu
nossas cartas", disse Criméia.
Fotos
Elas defenderam que o governo
crie uma comissão para fazer a
abertura de arquivos secretos do
regime militar- com a participação dos familiares. "Sabemos que
muitas fotos foram tiradas para
constranger as pessoas", disse
Criméia. Por isso, eles defendem
que as famílias participem de um
processo em que "elementos
constrangedores" sejam separados dos documentos antes de sua
abertura ao público. Apesar de
defender que os documentos são
"bens históricos e culturais do
país", os familiares querem evitar
constrangimento à imagem das
vítimas.
Por meio de sua assessoria, o
ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos) considera que
houve grandes avanços no atual
governo. Entre eles, a Lei 10.875,
que ampliou as hipóteses de reconhecimento pelo Estado das mortes de desaparecidos políticos.
Nilmário afirmou ainda que todas as denúncias que chegam até
agora para identificação de corpos foram alvo de busca e investigação.
Suzana disse que o Brasil está
"muito atrás" dos outros países
da América Latina no processo de
"curar as feridas" da ditadura.
Segundo ela, o governo chileno
foi a público pedir desculpas pelos
crimes cometidos durante o regime militar e a Argentina está a caminho de julgar seus torturadores.
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