São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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Presidente diz que sem reclamação governo acha que tudo está resolvido

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na semana em que setores da sociedade começaram a pressionar o governo para abrir os arquivos da ditadura (1964-1985), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que, se não houver "reclamações" por parte da sociedade, "quem está governando pode achar que tudo está resolvido".
"Normalmente, quando se chega ao governo, aquilo que quando você era oposição era bonito, falava na organização do povo, quando vira governo fala que o pessoal é duro, sectário, não compreende, reivindica demais. Acontece que, se não for esse processo de reivindicação, quem está no palácio governando pode achar que está tudo resolvido se não tiver reclamação", declarou Lula, em Brasília.
Em cerimônia de homologação de 14 terras indígenas, o presidente disse que o governo irá acertar "muito mais" se as pessoas forem cada vez mais "exigentes".
Ao afirmar que 22 meses de governo é pouco tempo para realizar tudo o que é necessário, o presidente disse que o seu governo, em alguns momentos, "parece mais demorado para [fazer] as coisas acontecerem".
"Não adianta fazer as coisas pela metade e permitir que companheiros índios e colonos continuem se digladiando por este país. Quero dizer que isso não vai acontecer mais no Brasil." Para Lula, a homologação não é "nenhum favor", mas questão de "Justiça para aqueles que foram vítimas de injustiça durante tantos e tantos anos no país".
Pela manhã, em audiência com representantes da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, o presidente disse que é preciso definir "prioridades": "Nosso mandato é limitado. Se não tivermos a sabedoria de definir corretamente algumas prioridades e, em torno delas, dedicar todo o esforço, correremos o risco de ter dezenas de prioridades e nenhuma delas acontecer", afirmou Lula. No encontro, a Andifes pediu autonomia às universidades.
Desde 2003, foram homologadas 47 áreas indígenas, que correspondem a mais de 7 milhões de hectares de terra.
O presidente disse que tem de aproveitar o período no governo para fazer o "máximo" e o "melhor possível": "No menor espaço de tempo, temos de colocar urgentemente em prática um pacote de cidadania, para que um conjunto de políticas públicas chegue a uma terra indígena".
Lula criticou ainda o fato de estruturas do governo não conversarem entre si. (JULIA DUAILIBI E EDUARDO SCOLESE)


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