São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAMPOS

Militantes de Campista e Pudim se enfrentam em 2 locais e deixam saldo de pelo menos 1 ferido; Exército atuará

Disputa entre PDT e PMDB vira batalha de rua

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS

Militantes dos candidatos a prefeito de Campos (RJ), Geraldo Pudim (PMDB) e Carlos Alberto Campista (PDT), se enfrentaram ontem em ao menos dois pontos da cidade. Houve troca de socos, pontapés, pauladas e pedradas, o que deixou pelo menos um ferido.
A violência entre as militâncias e o uso ostensivo das máquinas do governo estadual e da prefeitura em favor dos candidatos levaram o Tribunal Superior Eleitoral a determinar o envio de tropas do Exército a Campos no dia da eleição. Serão cerca de 600 militares -300 da Brigada de Infantaria Pára-Quedista, uma tropa de elite.
A animosidade entre partidários de Pudim e de Campista transformou as imediações da ponte Marcelo Martins -sobre o rio Paraíba do Sul- em cenário de luta-livre, por volta das 12h. Uma caminhada do PDT foi interrompida por pessoas vestidas com a camisa da campanha de Pudim. Os pedetistas diziam que o pessoal do PMDB estava atrapalhando o evento. Como eles não se afastaram, a briga teve início.
Com a chegada de policiais, os militantes se dispersaram. Ninguém foi preso. A polícia disse não saber se houve feridos. Testemunhas do confronto afirmaram à Folha que viram duas pessoas, que seriam um homem e uma mulher jovens, serem amparadas.
Já no bairro Parque Santa Rosa, Andréa Cristina da Silva Leandro, 30, militante de Campista, foi agredida a pauladas por partidários de Pudim. De acordo com o relato que fez na 146ª DP (Delegacia de Polícia), ela se escondeu dentro de casa, de onde foi retirada pelos adversários. Andréa sofreu escoriações pelo corpo.
A militante acusou Cláudia Márcia Pereira de ter comandado a agressão. Cláudia confirmou na DP ter brigado com Andréa, mas por problemas de vizinhança. Na DP, Andréa vestia a camisa de Campista. Cláudia, a de Pudim.
Anteontem, as vítimas foram militantes do PMDB. A carreata de partidários de Campista terminou no apedrejamento de um comitê jovem do PMDB, às 14h.
O ex-governador Anthony Garotinho, presidente estadual do PMDB e prefeito por duas vezes de Campos, disse que militantes de Pudim foram atacados a pedradas e ovos. Uma pedra atingiu a perna de Flávia Barbosa Ferreira, 21, militante do peemedebista.
Ontem, Garotinho mudou de idéia em relação ao uso do Exército e defendeu a convocação. No primeiro turno, ele e a mulher, a governadora Rosinha Matheus (PMDB), que também é de Campos, rejeitaram a proposta. "O clima criado pelo ambiente eleitoral não é o de normalidade. Devido ao acirramento da militância, acho prudente a presença das tropas federais. No primeiro turno, não havia necessidade, não havia esse clima, não houve briga."
Adversário político de Garotinho, o prefeito Arnaldo Vianna deixou o hospital onde estava internado desde segunda, vítima de crise de hipertensão. Ele passou mal quando soube que tinha sido afastado da prefeitura pelo Tribunal de Justiça do Rio. Ação civil pública acusa o prefeito de ter superfaturado shows realizados em Campos a partir de 2001. O prefeito reassumiu o cargo após decisão do Supremo Tribunal Federal.
Na sua ausência, Pudim, o vice-prefeito, assumiu o cargo, exonerou secretários e mandou arrombar gabinetes e armários. Ontem, disse ter achado documentos que comprovariam a corrupção na gestão de Vianna, com quem rompeu há dois anos. Ele não revelou quais documentos seriam.
Vianna atacou o vice. "Farei uma varredura para saber se algo importante foi extraído. No meu gabinete, havia objetos particulares. Se sumiu alguma coisa, ele [Pudim] será responsabilizado."


Texto Anterior: Justiça: Juiz veta divulgação de pesquisa na capital do PR
Próximo Texto: Garotinho recebe apoio da cúpula do PMDB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.