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JUSTIÇA
Decisão, que pode ser reformada pelo TRE, atinge 4 institutos; magistrado diz haver "manipulação dos dados"
Juiz veta divulgação de pesquisa na capital do PR
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O juiz eleitoral responsável pela
liberação das pesquisas eleitorais
em Curitiba, D'Artagnan Serpa
Sá, 47, proibiu a divulgação de todas as sondagens sobre a disputa
de segundo turno a prefeito da cidade, incluindo os resultados de
boca-de-urna do domingo. A decisão atinge quatro institutos, entre eles o Ibope, que programou
divulgar uma pesquisa na véspera
da votação e outra de boca-de-urna. O Ibope é contratado da RPC
(Rede Paranaense de Comunicação), afiliada da Rede Globo.
A capital paranaense presencia
uma disputa acirrada entre o tucano Beto Richa e o petista Ângelo Vanhoni. Na última sondagem
divulgada pelo Ibope -sexta-feira passada-, Richa apareceu
com 49% dos votos, contra 41%
de Vanhoni, com uma margem
de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
"Não existe uma democracia
autêntica se houver fraude na prática do estímulo, da vontade e da
coleta do voto popular", disse Serpa Sá ontem, em entrevista à
Agência Folha, ao justificar sua
decisão. A proibição pode ser reformada pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que é o órgão de
segunda instância da Justiça Eleitoral, caso os institutos ou as coligações contestem a decisão.
Nos despachos de ontem, Serpa
Sá assinou oito negativas de registro de divulgação. No primeiro
turno, ele protagonizou um confronto com os institutos ao proibir a divulgação de sondagens
com margem de erro elevada ou
daquelas em que os institutos não
permitiram que fiscais da Justiça
Eleitoral, por ordem dele, acompanhassem a abordagem de pesquisadores ao eleitor.
"Os institutos de opinião promovem a manipulação dos dados", disse Serpa Sá. No seu entendimento, uma das provas dessa manipulação seria o resultado
do primeiro turno do Ibope, que,
na véspera, apontou Rubens Bueno (PPS) com 11% das intenções
de voto. O candidato teve 20,0 4%
dos votos. "Não há justificativa
para que uma pessoa faça 10% a
mais [ou 100 mil votos no colégio
eleitoral de Curitiba] do que uma
pesquisa apontou, senão manipulação nas sondagens de opinião."
Serpa Sá disse não temer terminar essa eleição com a imagem
comprometida pelas decisões polêmicas que tomou. "Não estou
defendendo candidato A ou candidato B. Meu candidato é o eleitor. Se algum instituto vier me
provar que a pesquisa foi feita seguindo todos os critérios e normas, posso até repensar", disse.
Ele também disse considerar
"sem propósito" as sondagens de
boca-de-urna em tempos de votação eletrônica: "Quando elas são
divulgadas, já estou com o resultado [da eleição]".
Para o juiz, os números nas pesquisas se movem "ao sabor da
pressão política dos candidatos".
Ele diz que a pressão é generalizada, mas que não há como aceitar
um quadro de 805 entrevistados e
margem de erro de 3,5% a poucos
dias da eleição. "Isso quer dizer
que o sujeito tem sete [pontos
percentuais] ou tem zero. E sete e
zero não são a mesma coisa", afirma. O exemplo coincide com o
universo pesquisado pelo Ibope.
A Agência Folha não conseguiu
contato com o Ibope ontem à noite. A direção da RPC afirmou que
a contestação da decisão do juiz
cabe exclusivamente ao instituto
contratado.
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