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EXTREMOS
Aline Veras (PSDB), 21, de tradicional família política, foi eleita em Barroquinha, que tem o pior IDH do Ceará
Prefeita mais jovem é símbolo de continuidade
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A BARROQUINHA (CE)
Juventude nem sempre é sinônimo de renovação. Aline Veras
que o diga. Com 21 anos, completados no último dia 16, ela tomará
posse em janeiro como a prefeita
mais jovem do país.
Além de fazer história pela pouca idade, Aline ganhou nas urnas
com a promessa de manter a política da sua tradicional família em
Barroquinha (411 km de Fortaleza). A cidade ostenta o título de
ter o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Ceará.
"Estou aqui para dar continuidade ao trabalho da minha família. Com certeza, as nossas administrações estão sendo bem planejadas", disse a prefeitinha, como é chamada pelos eleitores.
Apesar do orgulho de Aline pelos familiares, que só deixaram o
poder por quatro anos desde a
fundação da cidade em 1988, o
saldo político dos Veras é pífio.
Na fronteira com o Piauí e com
a população espalhada em praias
paradisíacas e na caatinga, Barroquinha tem uma das piores taxas
de analfabetismo e mortalidade
infantil do país.
"É uma vergonha. Todos somos
muito pobres e não vejo como essa situação mudar com uma menina mandando na nossa terra",
disse Antônio Rocha, 60, um dos
poucos moradores que admitiu
ter votado na oposição.
Criada em Fortaleza e moradora do município há três anos, Aline tem um estilo diferente das jovens de Barroquinha, quase todas
amantes de forró. "Gosto muito
de ouvir pop-rock e de assistir videoclipes. Na posso negar. Ainda
me considero uma adolescente",
disse ela, que gosta de The Calling
e da rebelde sem causa Avril Lavigne, ícones teen mundiais. Adora vitrines de shoppings e fast-food -programas impossíveis
em Barroquinha. Para ter idéia da
tranqüilidade da cidade, a Folha
aguardou 12 minutos para ver um
carro passar pela principal rua da
cidade na tarde de quinta-feira.
Aline (PSDB) foi eleita com
5.040 votos (53,98%). Veraldina
Veras, sua avó, foi a primeira prefeita. Jaime Veras, seu tio, está no
segundo mandato consecutivo,
mesmo sem as contas aprovadas
pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Até o adversário na eleição, Ademar Veras, é seu primo.
"Aceitei a missão. Agora, chegou a minha vez. Já fizemos muito
pela cidade, mas sei que temos
muita coisa para tocar", disse ela
tucana, que está iniciando a sua 3ª
faculdade (agora, ciências contábeis) por não ter achado "um caminho". Nem a vitória na eleição
(salário de R$ 1.600) a fará mudar
de casa. "Gosto de ficar sempre
perto da minha avó", diz Aline,
que avisou ao namorado que não
se casará até o fim do mandato.
Morena, magra e ainda com algumas espinhas, ela entrou na política ao aceitar o convite do tio
para comandar a Secretaria Municipal de Turismo há três anos.
Em 2003, também foi a responsável pelo cadastramento do Fome
Zero, que atende 1.918 pessoas.
Nega ter tirado proveito político.
Eleita com a promessa de transformar praias em pólos turísticos,
Aline mostra mau humor quando
o tema é idade. "Quero derrubar
esse tabu. Vou mostrar que os jovens podem fazer muita coisa, independentemente da idade."
Ela decidiu criar secretaria especial para os jovens. "Eles terão a
vez e vão participar diretamente."
O secretariado terá alguém mais
novo do que ela? "De forma alguma. Tem de saber administrar
uma secretaria", disse.
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