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Foco
Destaque da campanha, "Kassabão" tem validade pequena e será reciclado
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
"Kassabão", o boneco inflável que foi um dos sucessos da
campanha do prefeito reeleito, Gilberto Kassab (DEM), está com seus dias contados. Depois de quase dois meses ininterruptos nas ruas de São Paulo, o boneco que ajudou a divulgar uma imagem simpática
do prefeito deve virar sucata,
ir para a reciclagem.
O destino, lamentado até
por participantes da campanha do prefeito, foi selado em
função da durabilidade do material do qual os dez bonecos
foram feitos. O plástico é quase tão resistente quanto uma
lona, mas endurece e quebra
caso não passe por constante
manutenção.
A campanha do DEM pensou em guardar os bonecos para eventos e, quem sabe, eleições futuras. Mas foi informada pelo fabricante de que o
prazo de validade dos "kassabões" é bem mais curto do que
o mandato do prefeito que ajudaram a eleger: não passa de
seis meses.
Um dos principais inconformados com o destino do boneco é Nilson Cruz de Oliveira,
24, o primeiro "Kassabão". Ele
adora tanto os bonecos que, ao
longo da campanha, se tornou
quase um pai deles.
Antes de o boneco ir para as
ruas, Nilson era agitador de
bandeiras. "Fui promovido",
diz. Passou a ser um deles -o
funcionamento do boneco exige que uma pessoa esteja dentro da estrutura, com uma bateria presa ao corpo responsável por alimentar o ventilador
que infla a figura. Nilson passou a organizar as 20 pessoas
que faziam o "Kassabão" existir -era preciso ter quem conduzisse o boneco e evitasse
ataques de quem desejava derrubar ou furar o "brinquedo",
de cerca de 2,5 metros.
Nilson mora em Itaim Paulista, extremo leste da cidade.
Todos os dias, desde setembro, quando "assumiu" o "Kassabão", ia para o comitê da
campanha, no centro da cidade. Lá ficavam todos os bonecos. De lá, saía em dupla para
as agendas do dia. "Cheguei a
ficar três horas dentro dele,
em carreata", diz.
Informado do futuro dos
bonecos, Nilson diz que vai
sentir falta deles. "Se tivesse
lugar lá em casa e um carregador de bateria como este, pedia um para mim".
Ao contrário do que muitas
pessoas pensam, a origem do
boneco com jeitão bobo e ingênuo não foi a cabeça de um
marketeiro. Segundo assessores do prefeito, empresa que
fabrica bonecos semelhantes
sugeriu à campanha que criasse um boneco para ajudar no
corpo-a-corpo das ruas.
O desenho reproduz o prefeito, com um toque mais juvenil, para imitar o "Kassabinho" usado em adesivos, santinhos e na propaganda da TV.
Cada exemplar custou R$ 1,5
mil -valor considerado "mais
do que pago" pela campanha,
por causa do grande sucesso
do boneco.
A última aparição dos bonecos, desta vez todos juntos, está programada para 1º de janeiro, na posse do prefeito.
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