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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
União contra Marta visa 2010, diz petista
Rui Falcão minimiza rejeição a ex-prefeita e afirma que forças políticas se uniram "tentando provocar reflexos nacionais'
Coordenador critica mídia e o uso da máquina municipal e diz que campanha petista valorizou suas propostas a ponto de Kassab copiá-las
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
O deputado estadual Rui Falcão (PT), 64, diz que Marta Suplicy foi derrotada no domingo
não pela rejeição que enfrenta,
mas pela "união de forças políticas" com vistas às eleições de
2010. Vice na chapa reeleitoral
de Marta e secretário de Governo de sua gestão (2001-2004),
Falcão foi um dos coordenadores desta campanha, mas diz fazer uma avaliação pessoal. Para
ele, o uso da máquina, a mídia e
a Justiça Eleitoral também
contribuíram para a derrota.
FOLHA - Por que Marta perdeu?
RUI FALCÃO - Duas grandes lideranças foram derrubadas nesta
eleição: Marta e Geraldo Alckmin. O governador José Serra
também, pois apoiou Alckmin.
FOLHA - Só formalmente.
FALCÃO - Ele gravou na TV, disse que apoiava o candidato do
seu partido, o PSDB, então nós
temos de acreditar na palavra
dele. O aspecto principal é que
houve, nacionalmente, a tendência de continuidade administrativa. A política econômica do governo Lula fez parte
dos municípios reconduzirem
seus prefeitos ao poder.
FOLHA - O marketing da campanha de Marta errou?
FALCÃO - Não. Foi uma campanha competente, que valorizou
propostas do PT. Elas foram
explicitadas com clareza a tal
ponto de Kassab copiá-las.
FOLHA - Então por que Marta perdeu votos em relação a 2004?
FALCÃO - Se pegarmos a votação do primeiro turno, ganhamos em quase todos os lugares
que tínhamos ganho na eleição
passada. O que ocorreu agora é
que se somaram as duas principais forças do outro lado, com
votos de Maluf, contra Marta.
FOLHA - O PT tem uma reflexão sobre a rejeição ao partido e a Marta?
FALCÃO - O problema não é a
rejeição. O que houve foi uma
união de forças políticas para
nos derrotar na cidade mais
importante do país tentando
provocar reflexos nacionais.
Acho que precisamos analisar o
resultado, ver a própria inserção do PT na cidade. Falta uma
compreensão maior da complexidade do eleitor paulistano.
FOLHA - Pela lógica que o sr. apresenta, a derrota era inevitável?
FALCÃO - Não. O que disse aqui
foi que as forças poderosas se
uniram contra nós, foram duas
máquinas poderosas.
FOLHA - E a máquina federal?
FALCÃO - Não teve uso da máquina do governo federal em
São Paulo. Teve uso da máquina municipal, que foi apontado
várias vezes, nos episódios dos
e-mails, na ação das subprefeituras, teve o peso do Estado
com ações administrativas.
FOLHA - Há preocupação com a
perda do eleitorado da periferia?
FALCÃO - É preciso analisar todo o movimento eleitoral. Houve uma grande aliança para
derrotar o PT. E houve um movimento de mídia, que foi favorável a Kassab. Isso, no caso da
Folha, foi reconhecido pelo
ombudsman do jornal. Houve
diferença de tratamento da
Justiça Eleitoral. São fatos
reais e não interpretativos.
FOLHA - Até agora o sr. não citou
um erro da campanha de Marta.
FALCÃO - [Longa pausa] Talvez
ter subestimado a ação dos subprefeitos na eleição. Eles usaram bastante a máquina.
FOLHA - Kassab foi subestimado?
FALCÃO - Nossas pesquisas indicavam que ele tinha potencial. O que não houve foi um esgarçamento tão grande da briga
do Kassab com o Alckmin. Os
projetos futuros fizeram as feridas se cicatrizarem rápido.
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