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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO
Redutos de Gabeira tiveram maior taxa de abstenção no Rio
Votação de domingo registrou 20,25% de eleitores faltosos na cidade, mas em áreas pró-verde índice chegou a 27,07%
Em regiões nas quais Paes teve mais votos, índice de abstenção foi de 19,73%; antecipação de feriado de servidor impulsionou faltas
DA SUCURSAL DO RIO
Na eleição mais apertada da
história do Rio, as áreas em que
Fernando Gabeira (PV) teve
maior votação para a prefeitura
foram também as regiões com
maior taxa de abstenção -eleitores que não foram votar.
A votação de domingo registrou a maior proporção de abstenções em eleições municipais
do Rio desde o segundo turno
de 1996, quando Luiz Paulo
Conde venceu o atual governador Sérgio Cabral Filho.
Foram 20,25% no domingo,
contra 21,42% há 12 anos. As taxas foram, em 2000, de 16,43%
e 18,65% (primeiro e segundo
turno, respectivamente) e, em
2004, de 15,88%.
As áreas onde Gabeira teve
votação maior do que o prefeito
eleito Eduardo Paes (PMDB)
registraram o maior percentual
de faltosos: na zona norte, foram 22,09% do eleitorado; na
zona sul, 25,78%; e no centro,
27,07%. Nas três regiões, taxas
são maiores que as de 2004.
Essas regiões concentram
apenas 24,11% do eleitorado carioca. No subúrbio e na zona
oeste, áreas onde estão 75,89%
dos eleitores e nas quais o peemedebista superou o verde, a
abstenção foi de 19,73% e
17,90%, respectivamente.
Para o cientista político Marcelo Burgos, a antecipação do
feriado do Dia do Funcionário
Público de hoje para ontem,
por parte dos governos federal
e estadual, fez crescer a taxa de
abstenção. "Não é possível saber se Gabeira venceria ou não.
Mas foi um elemento casuístico
que interferiu na eleição."
Para o professor da PUC-Rio,
"as pessoas, infelizmente, pensam que o seu voto não vai fazer
a diferença". "O eleitor se dá
conta de que a obrigatoriedade
do voto pode ser driblada, que é
uma obrigatoriedade incapaz
de constrangê-lo." Quem não
votou deve justificar a ausência
ou pagar uma multa de R$ 3,51.
A antecipação do feriado por
parte do governo estadual causou polêmica no segundo turno. Adeptos de Gabeira acreditam que a medida foi uma manobra do governador, pois este
não teria um bom relacionamento com os servidores estaduais, que se recusariam a votar
em Paes, seu afilhado político.
A antecipação, no entanto, seguiu o calendário federal, definido no final do ano passado.
Segundo Cabral, enxergar no
ato uma manobra política é
"má-fé", pois é o décimo feriado antecipado, segundo ele, em
seus 22 meses de governo.
A advogada Regina Martins
lamentou não ter votado. Eleitora de Gabeira, ela acordou
tarde no domingo e não conseguiu ir à sua zona eleitoral, no
Méier (zona norte). "Acordei e
olhei o relógio do computador,
que não estava no horário de
verão. Quando percebi, estava
muito atrasada. Me senti muito
culpada."
(ITALO NOGUEIRA)
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