São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2000

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EVENTO
Mínimo é "terrível", afirma modelo

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"É terrível. Quem ganha um salário mínimo não tem como sobreviver. Isso é impossível. Por isso é que tem muito roubo, tem muita violência."
A opinião não é de ACM, o aliado que inferniza a vida de FHC na tentativa de passar o mínimo de R$ 151 para R$ 180 nem de um político de oposição, mas da modelo Gisele Bündchen. Ela calculou que, se ganhasse R$ 180 (valor máximo em discussão), gastaria "o dinheiro na comida, porque o mais importante é comer". Disse, porém, que não sabia qual deveria ser o valor do reajuste: "Não sou presidente".
Na sequência, foi interrompida por Paulo Skaf, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil). Ele disse que o trabalho da modelo e da entidade, que trouxe 30 empresários do setor para se encontrar com o presidente, "vai ajudar para que a gente comemore um salário mínimo muito melhor do que esse".
No Palácio da Alvorada, o encontro foi descontraído. FHC brincou quando os fotógrafos pediam para que os dois se movessem em busca de um melhor ângulo para as imagens. "Saiam todos os homens", disse FHC.
Mais tarde, Gisele descreveu o encontro como "agradável". Mas julgou "patético" e "ridículo" o eventual uso de sua imagem para melhorar a popularidade de FHC.
O encontro no Alvorada foi mais um episódio da "agenda positiva" de Andrea Matarazzo, o secretário de Comunicação de Governo e pai da estratégia de levar FHC a interagir mais com personalidades bem-vistas pela opinião pública. Semana passada, FHC encontrou a atriz Vera Fischer. Na anterior, foi para a rua fazer promessa sobre o mínimo diante de sindicalistas.
Paulo Borges, produtor e responsável pelo Morumbi Fashion, não deixou Gisele responder a uma pergunta sobre qual seria o maior problema do Brasil. "Sem querer conduzir, vamos centrar a conversa nas coisas da moda", afirmou.
A Abit deseja que o governo pressione os EUA a derrubar cotas impostas à indústria têxtil brasileira. A audiência com FHC foi o motivo da vinda da modelo a Brasília. Ela não cobrou cachê para participar do encontro.


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