São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 2002

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PAINEL

Racha acadêmico
A proposta de Cristovam Buarque (PT-DF), cotado para ministro da Educação, de tirar o controle das universidades das mãos do MEC gerou uma crise entre o PT e o meio acadêmico. Ontem, a Andifes (associação dos reitores das universidades federais) enviou carta a Lula condenando a proposta.

Fogo cerrado
Representantes da Academia Brasileira de Ciências, do SBPC e de outras associações de reitores também procuraram o PT para reclamar de Cristovam. A proposta foi criticada ainda por dirigentes do PT que colaboraram com o programa de Lula para o setor da educação.

Boca do leão
Fiscais da Receita Federal também protestaram ontem contra a eventual indicação do empresário Antoninho Marmo Trevisan para a Secretaria da Receita. O grupo acredita ter o direito de indicar alguém para o cargo.

Ditadura operária
Antônio Palocci Filho pediu ontem à bancada do PT que não peça cargos a Lula na reunião de hoje na Câmara. Segundo ele, o presidente eleito "queimará" quem vier com pedidos.

Questão de tempo
Indagado pela cúpula do PPS se disputará o Planalto em 2006, Ciro Gomes, tido ontem na sigla como ministro certo de Lula, desconversou: "Talvez falemos nisso daqui a um ano e meio. Até lá, total apoio a Lula".

Segunda versão
Antes de entregar as contas de campanha de Lula ao TSE, anteontem, o PT encomendou à empresa Trevisan uma auditoria nos documentos. Só depois de fazer algumas modificações sugeridas pela empresa, o PT enviou a prestação ao tribunal.

Anti-lobby
Dom Mauro Morelli, cotado para a área social no governo Lula, subscreveu carta que será entregue hoje ao presidente eleito pelo deputado João Alfredo (PT-CE). Pede que Lula não se esqueça de manter proibido o comércio de transgênicos.

Alta temperatura
Orestes Quércia, que pretende destituir a cúpula do PMDB, foi avisado de que o grupo de Michel Temer ameaça intervir no diretório da sigla em SP.

Árbitro militar
Lula estuda colocar o ministro do STF Sepúlveda Pertence no Ministério da Defesa. O presidente eleito quer destinar parte dos ministérios a nomes da sociedade civil, grupo que incluiria o ministro do Supremo.

Mais-valia
A equipe de transição indicada pelo PT só deverá receber seus salários em janeiro, já no governo de Lula. Em novembro e dezembro, o pagamento é hipótese remota. A culpa é do próprio PT, que demorou a entregar ao Planalto sua lista de cargos.

Bolso vazio
A folha de pagamento do governo é fechada no dia 14 de cada mês. Como o PT não indicou os nomes da transição até 14 de novembro, os salários ficaram para janeiro. A sigla pediu ao Planalto para antecipar a quitação para dezembro. Se não conseguir, o PT deverá pagar os salários com recursos próprios.

Apoio banqueiro
O espanhol Emilio Botín, presidente mundial do banco Santander, deverá se encontrar com Lula amanhã, em SP, para dizer que a instituição dá voto de confiança ao novo governo e que manterá suas linhas de crédito.

Medo é apelido
A hipótese de Lula anunciar seu ministério um dia antes da viagem que fará aos EUA teria motivos políticos, mas um totalmente prosaico, segundo brincam aliados do petista no PL: o eleito tem medo de avião e, como o percurso até lá é longo, quer deixar seu governo estruturado, por extrema precaução.

TIROTEIO

De Enilson Simões, o Alemão, presidente da SDS (Social Democracia Sindical), que tem 11 milhões de filiados, sobre as críticas feitas por Lula aos sindicalistas, anteontem em SP:
- É fácil puxar a orelha da arraia-miúda. Quem deveria estar com a orelha doendo seriam os chefes dos sindicatos de empresários, que representam os maiores cartórios desse país.

CONTRAPONTO

Cúmulo da bajulação

No encontro com sindicalistas anteontem em SP, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, teve que ouvir discursos de ex-colegas do movimento sindical.
Os dirigentes das centrais sindicais tiveram dificuldades de encontrar o tom exato para se referir ao ex-torneiro mecânico que agora comandará o país.
Quando Lula entrou no auditório, o mestre de cerimônias saudou-o como "companheiro presidente eleito da República".
A deferência foi mantida por quase todos os oradores, até que Antônio Carlos dos Reis, da Confederação Geral dos Trabalhadores, decidiu inovar:
- Companheiro presidente, presidente companheiro.
E repetiu a saudação várias vezes. Prestes a encerrar sua fala, Reis novamente declarou:
- Companheiro presidente...
Lula e o auditório então completaram, em coro e entre risos:
- Presidente companheiro!


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