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Câmara adia votação de MP da minirreforma
LUCIO VAZ
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressão do ministro Pedro Malan (Fazenda) e a intervenção do
presidente Fernando Henrique
Cardoso provocaram o adiamento para a próxima semana da votação da medida provisória 66,
que estabelece uma minirreforma
tributária e garante uma arrecadação de R$ 2 bilhões para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Malan pediu o adiamento ao relator da MP, Benito Gama
(PMDB-BA), com o argumento
de que seria importante acabar
com a cumulatividade na cobrança do PIS-Pasep, item que os líderes partidários haviam retirado da
medida provisória.
"Não podemos perder a oportunidade de acabar com a cobrança
cumulativa desse imposto", disse
Malan a Benito. O deputado também conversou com FHC, que
propôs um prazo maior de discussão para que a Câmara chegue
a um projeto mais equilibrado.
Durante solenidade no Clube
do Exército, no final da tarde de
ontem, FHC foi questionado sobre se havia pedido o adiamento
da votação da MP. "Pedi sim",
respondeu, sem revelar a razão.
Um conjunto de fatores pesou
para o adiamento da votação, entre eles a decisão do PSB, um partido aliado do PT, de votar contra
a manutenção da alíquota de
27,5% do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física), o quórum
baixo na Casa ontem, mas, sobretudo, declarações feitas pela manhã pelo líder da bancada petista
na Câmara, João Paulo (SP), e pelo vice-líder, Walter Pinheiro
(BA), consideradas desastrosas
pelo PSDB.
No programa "Bom Dia Brasil",
da TV Globo, Pinheiro disse que o
partido vai "mostrar à sociedade
brasileira qual o verdadeiro quadro que foi entregue ao governo
do PT". "Todo mundo, em um
primeiro momento, para conquistar alguém, termina até escondendo as unhas. Nós [a equipe
de transição do PT] estamos fazendo a análise do tamanho dessas unhas", afirmou, referindo-se
ao governo FHC.
João Paulo disse acreditar ser
"muito grave" a situação deixada
pelo atual governo. "Nós precisamos mostrar para o povo brasileiro que a casa que vamos herdar
não é uma casa tão bem pintada
como muita gente quer mostrar",
disse o deputado na entrevista.
Ele afirmou que o PT quer manter o "clima de boa vizinhança"
com o governo FHC, mas que em
breve o partido terá de mostrar "o
quadro da casa".
"É um aspecto bom e queremos
manter isso [o bom relacionamento com o governo FHC], porque o otimismo e a esperança acabam impulsionando a economia
e as relações internacionais. Mas,
de fato, vai chegar o momento em
que vamos ter de mostrar o quadro da casa, para, inclusive, sugerir mudanças", disse o deputado,
afirmando que "desse quadro, a
sociedade vai tirar sua avaliação".
A MP 66, chamada de minirreforma tributária, foi totalmente
descaracterizada pelos líderes dos
partidos. Ela deve ser votada na
próxima terça-feira. A pedido do
PT, o relator prorrogou a alíquota
de 27,5% do IRPF, que cai para
25% em janeiro de 2003. O PT
queria a prorrogação por "um período indeterminado", mas Benito estabeleceu o prazo de um ano.
O PT também conseguiu do relator a prorrogação da alíquota de
9% para a CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido). A
manutenção dessa alíquota permitirá uma receita de cerca de R$
1,1 bilhão em 2003.
Em contrapartida, Benito incluiu no projeto a reabertura do
Refis, um programa que permite
às empresas pagar, a longos prazos, tributos federais atrasados.
Incluiu também o Simples 3,
uma fórmula de pagamentos de
impostos para micro e pequenas
empresas, para áreas hoje não
atendidas, como hospitais e escolas. O PT também reavalia a adoção do Simples 3, pois há cálculos
de que ele poderá representar
uma renúncia fiscal significativa.
Colaboraram LEILA SUWWAN, da Sucursal de Brasília, e a Redação
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