JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou ontem aos ministros indicados que eles deverão viajar com o petista para o semi-árido nordestino, para entrar em contato com a pobreza e a miséria do país.
Pediu ainda aos ministros que tenham cuidado com a escolha de suas equipes -devem levar em consideração, além de ética, a pluralidade e a diversidade da população brasileira. Assim, pediu que as equipes sejam formadas por mulheres, representantes de todas as raças e deficientes físicos.
A viagem ministerial ocorre nos dias 10 e 11 de janeiro, mas não deve contar com a presença de todos os ministros porque alguns terão de permanecer em Brasília para cuidar de assuntos do ministério.
Segundo o porta-voz de Lula, André Singer, ainda não foi definido o local da viagem, uma promessa de campanha de Lula, nem quais ministros participarão.
Ainda de acordo com Singer, apesar de os ministros conhecerem a situação de miséria do país, Lula afirmou à sua equipe que acha importante o contato "olho no olho com a pobreza mais dura" do Nordeste.
Na reunião de ontem, em Brasília, o presidente eleito também disse que os futuros ministros devem entregar um relatório de metas para 2003 para cada uma de suas áreas. Nos relatórios devem constar a situação de cada uma das áreas e a forma como foram encontradas. Eles devem ser entregues até o final de janeiro.
Apesar da insistência de as equipes serem representativas, Singer disse que Lula não estipulou percentuais nem metas para a participação dessas minorias em cada um dos ministérios.
Indagado sobre a possibilidade de o ministro escolhido para a pasta do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB-MG), ter de depor no caso da morte, em 2000, de uma modelo de Minas Gerais, Singer disse: "Estamos seguros de que nada se comprovará e de que ele [Mares Guia] é ilibado".
Lula voltou a falar, só que desta vez para os ministros, sobre as restrições orçamentárias de seu governo. Ressaltou, no entanto, que haverá recursos para os programas sociais. Anteontem, o presidente eleito havia afirmado que o Orçamento do ano que vem é um dos mais "apertados" dos últimos anos.
Na próxima sexta-feira, Lula se reunirá novamente com os ministros, que já estarão empossados, para fazer a primeira reunião como o novo presidente.
Singer quis amenizar o tom crítico de Lula em relação à situação do país, que teria sido verificada por meio dos relatórios de transição. Após ressaltar a forma democrática como está sendo conduzida a transição por Lula e pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, o porta-voz disse: "Não há tom agressivo nem interesse em polarizar. Mas não podemos sonegar ao país informações importantes. É um debate público civilizado, sem o objetivo de criar novas polêmicas".


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