São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Por meio do porta-voz, presidente atribui ataques a sua gestão à "retórica de palanque" e sugere que "poucos meses de trabalho" mudam discurso

FHC diz esperar atitude "mais séria" do PT

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso respondeu ontem com ironia às críticas ao seu governo feitas pelo futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, durante a primeira reunião ministerial do novo governo. FHC não mencionou as críticas feitas pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
FHC disse ter "certeza de que, com poucos meses de trabalho, a retórica de palanque será substituída por atitude mais séria, para fazer jus à confiança que o eleitorado depositou neles".
A resposta foi dada pelo porta-voz do Palácio do Planalto, Alexandre Parola, e segue o procedimento adotado pelo presidente desde a campanha eleitoral, de não deixar críticas sem resposta.
No início da noite, em entrevista ao "Jornal da Record", FHC voltou a responder às críticas, mas em outro tom. "O Brasil está acostumado a isso. Quem chega critica quem está saindo. A gente não deve levar muito ao pé da letra."
Ao responder à crítica de Palocci sobre o endividamento do Estado, FHC disse que seu governo não é responsável por isso. "O endividamento que está aí não é fruto do meu governo, é fruto do saneamento. São as dívidas dos Estados, dos "esqueletos" que havia, que provocaram a alta das taxas de juros. Não houve endividamento novo. É um saneamento, e eles sabem disso", afirmou.
"Com relação ao social, meu Deus! Depois do que a ONU disse, que foi o país que mais celeremente atendeu a área social, o que mais vou dizer?", perguntou.
Segundo FHC, "isso [o período de críticas] passa, eu acho que nós não devemos estar acirrando polêmica, acho que o que o Brasil precisa é de paz. Se o próximo governo puder fazer melhor que o meu, vou bater palmas".
Ao fazer um balanço do seu governo, disse: "Será que fiz tudo que podia? Não sei, fiz esforço". "A gente não faz tudo que consegue, até porque o chefe de Estado depende dos outros também, depende de a sociedade querer, não querer, depende do momento, enfim, é uma luta contínua."
Sobre a sua relação com Lula, FHC afirmou: "O povo votou, eu respeito o voto. O presidente eleito está aí, vou recebê-lo daqui a pouco em minha casa com muita fraternidade, como ele faz comigo também". FHC e Lula jantaram juntos ontem no Alvorada.


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