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São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2003

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CASO SANTO ANDRÉ

Quase dois anos após a morte de Celso Daniel, apenas dois indiciados foram interrogados até o momento

Cinco acusados serão ouvidos em janeiro

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase dois anos depois da morte do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) cinco homens da favela Pantanal acusados de terem sequestrado e assassinado o petista serão interrogados judicialmente pelo crime.
Os interrogatórios, que correm em segredo de Justiça, foram agendados para janeiro. No mesmo mês, só que há dois anos, Daniel foi encontrado morto a tiros e com sinais de tortura em uma estrada de terra em Juquitiba -região metropolitana de São Paulo.
Até o momento, apenas dois acusados foram ouvidos judicialmente. Apesar de terem confessado o crime a policiais e a promotores, José Édison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, negaram ao juiz Luiz Fernando Migliori Prestes terem participado no assassinato.
O último interrogatório é o do empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado pelo Ministério Público de São Paulo de ter encomendado o assassinato de Daniel. O depoimento dele já foi adiado duas vezes a pedido de seus advogados, que reivindicaram mais tempo para preparar a defesa. A data prevista é 5 de fevereiro.
Gomes da Silva era amigo de Daniel e conduzia a Pajero na noite de 18 de janeiro de 2002, quando o prefeito foi sequestrado. Para a Promotoria, o sequestro foi simulado pelo empresário e por outras pessoas -contra as quais, segundo o Ministério Público, não há provas conclusivas de envolvimento com o crime.
O empresário afirmou ser vítima de uma injustiça e disse que jamais articularia qualquer coisa contra Daniel, a quem estimava como a um irmão.

Contradições
Durante o interrogatório dos cinco acusados, o Ministério Público de São Paulo deverá explorar as versões contraditórias apresentadas por eles durante as investigações e as possíveis ligações com o preso Dionísio Aquino Severo -apontado formalmente como o elo entre Gomes da Silva e a quadrilha da favela Pantanal.
Severo foi assassinado dentro de uma penitenciária, em abril do ano passado, após afirmar à polícia que tinha informações sobre a morte de Daniel e conhecia "bem" Gomes da Silva e a mulher do empresário, Adriana Pugliesi.
No interrogatório de Gomes da Silva, a Promotoria pretende refazer as perguntas que havia preparado no final de novembro, quando o empresário, ainda em liberdade, foi chamado para falar sobre o assassinato. Na ocasião, Gomes da Silva compareceu ao depoimento na Promotoria, mas manteve-se em silêncio -direito garantido pela Constituição. Disse que só falaria em juízo. Depois, a jornalistas, declarou ter preferido o silêncio a se expor em um processo "inquisitorial".

Liberdade
O pedido de liberdade de Gomes da Silva só deverá ser julgado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no final de janeiro ou início de fevereiro.
Os advogados Roberto Podval e Adriano Salles Vanni, que defendem o empresário, entraram com um habeas corpus no último dia 12. O pedido de liminar (que antecede o julgamento conclusivo) foi recusado pelo desembargador Maurilio Gentil Leite, segundo vice-presidente do tribunal.
Na última semana, o TJ requisitou ao juiz de Itapecerica da Serra informações sobre o andamento do processo criminal. O documento deverá chegar ao tribunal até o final deste mês. Em seguida, será a vez do Ministério Público se manifestar por escrito sobre a prisão de Gomes da Silva. Só depois é que o pedido será distribuído para uma das turmas julgadoras do tribunal para decisão final.


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