São Paulo, terça-feira, 28 de dezembro de 2004

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PALAVRA OFICIAL

Presidente pediu tranqüilidade para não errar em 2005

Lula diz que país não pode ter pressa

JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu último programa do ano no rádio, levado ao ar ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu "tranqüilidade" para não errar na condução do governo em 2005 e creditou à "mão de Deus" as suas realizações.
Para exemplificar a tese "de que não se pode ter muita pressa", Lula citou a diferença entre um jogador de futebol comum e um craque e completou dizendo ser hoje o "mais otimista dos brasileiros".
"Temos de fazer as coisas com muita tranqüilidade. Fazer as coisas no tempo que têm de ser feitas, porque não podemos errar. Um erro pode significar um retrocesso de dois, três, quatro anos, e eu não estou a fim de errar", declarou Lula em entrevista ao programa "Café com o Presidente".
"Um jogador comum que está diante do goleiro chuta de qualquer jeito, e a bola vai para fora. Um jogador que é bom de bola pensa, não chuta com força. Ele coloca a bola", afirmou Lula.
Depois de falar sobre o que considera os principais programas do seu governo em 2004, como o Bolsa-Família e o projeto do Biodiesel, Lula evocou Deus, uma citação recorrente em seus discursos.
"E, no governo, se não tiver a mão de Deus, eu não consigo fazer as coisas em que acredito, e, por isso, acho que Deus tem sido muito generoso. E eu sou agradecido", disse Lula, que citara a sua vida para dizer que só foi possível sair de Garanhuns (PE), onde nasceu, e chegar à Presidência devido à "mão de Deus".
No começo deste mês, o presidente já havia citado Deus ao falar sobre a aprovação de projetos "sérios" enviados pelo Poder Executivo ao Congresso.
A entrevista de Lula, veiculada pela Radiobrás, estava recheada de mensagens de otimismo para 2005. "Nós estamos terminando o ano numa situação, eu diria, muito boa para o Brasil. Lógico que ainda falta fazer muito, e vamos fazer mais. É por isso que eu estou muito mais otimista para 2005."
O salário mínimo programado para o ano que vem, de R$ 300, foi um dos exemplos usados pelo presidente para dizer que 2005 será melhor do que este ano. "Eu acho que as coisas estão andando, e é por isso que eu posso dizer aos nossos ouvintes: "Aguardem, que 2005 será muito melhor"."
Questionado se o ano de 2004 teria sido "um feliz ano velho", Lula concordou. Disse ser importante falar do "aperto" e "da necessidade de arrumar a casa" em 2003 "para que a gente pudesse colher um 2004 muito mais feliz".
Lula terminou a entrevista dizendo agradecer a Deus "pela força, pelo otimismo". "Estejam certos do seguinte: eu não posso fazer tudo o que quero, mas eu farei tudo o que é possível a um homem que gosta do seu povo."
Disse ainda que só voltará a viver sua vida normalmente ao sair da Presidência se tiver sido "honesto" durante o mandato.


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