|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula quer que PT se associe ao Bolsa Família
Em reunião com dirigentes do partido, presidente diz que legenda deve perder espaço mas manter comando da área social
Petista cobra ainda que base aliada chegue a consenso sobre candidato a presidir Câmara para evitar que caso Severino venha a se repetir
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião com dirigentes
de seu partido, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou ontem o PT a se associar
mais ao Bolsa Família, principal programa social do governo
federal.
Segundo relato de participantes do encontro, Lula reafirmou à cúpula do partido que
tirará espaço da legenda para
dar aos partidos aliados em seu
segundo mandato, especialmente ao PMDB, mas manterá
com o PT a área social e funções
"estratégicas".
Lula declarou ainda, segundo
apurou a Folha, que fará um
segundo governo "diferente".
Em reunião ontem no Palácio do Planalto com a comissão
política do PT, Lula não detalhou quais seriam as pastas que
destinará a outros partidos,
mas sinalizou, por exemplo, a
manutenção do Ministério do
Desenvolvimento Social na cota petista.
Essa pasta, atualmente dirigida pelo petista mineiro Patrus Ananias, é a responsável
pelo Bolsa Família.
Férias de Lula
O presidente repetiu que fará
a reforma ministerial na virada
de janeiro para fevereiro. Disse
que pretende tirar cerca de
uma semana de férias, por volta
do dia 5 de janeiro, e que falará
com os aliados antes de eventuais reformulações no primeiro escalão do segundo mandato. Lula afirmou que fará mudanças de forma "gradual".
"O presidente nos expôs de
forma muito clara, muito franca, sua idéia de ir realizando
transformações graduais no
ministério. Disse que não tem
pressa, nós tampouco temos
pressa. As transformações não
devem se medir em dias ou semanas, mas na oportunidade
de serem realizadas", afirmou o
presidente interino do PT,
Marco Aurélio Garcia.
Segundo o petista, a discussão sobre participação do partido no governo no segundo
mandato de Lula por enquanto
foi "no atacado, não no varejo"
e deve ser mais concreta apenas
daqui a algumas semanas. "Como [Lula] vai tirar alguns dias
de descanso, voltaremos a discutir questões mais tangíveis
de composição de governo mais
para a segunda quinzena de janeiro", disse.
Câmara
Mais uma vez, o presidente
cobrou dos partidos da base
aliada a união em torno de um
candidato único do governo para disputar a presidência da Câmara dos Deputados. O líder do
PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), afirmou que na reunião Lula pediu um consenso
para chegar a uma candidatura
única na Câmara.
Apesar do discurso de que
não vai interferir na disputa, o
presidente teme que se repita a
catástrofe de 2005, quando a
base governista chegou rachada à disputa, com Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP) como candidato oficial e Virgílio Guimarães (PT-MG) como postulante
dissidente. Na ocasião, a divisão acabou proporcionando
que Severino Cavalcanti (PP-PE) fosse eleito -para depois
renunciar ao mandato acusado
de corrupção.
De acordo com Fontana, o
ideal é que num prazo de 10 a 15
dias haja uma composição entre os dois candidatos governistas: o atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e o líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Atualmente, nenhum dos dois
mostra disposição de abandonar a candidatura ao comando
da Câmara.
Texto Anterior: Aldo se articula para conter avanço de petista Próximo Texto: Meio Ambiente: Marina diz não temer tensões no governo se ficar na pasta Índice
|