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FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL
Investidores estrangeiros estão mais preocupados com o baixo ritmo de crescimento do país do que com o clima pré-eleitoral deste ano
Eleição não barra investimentos no Brasil
MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS
Investimentos estrangeiros no
mercado brasileiro devem seguir
no mesmo ritmo em 2006, apesar
de este ser um ano de eleição. É o
que a Folha apurou com participantes do Fórum Econômico
Mundial, que acontece em Davos.
Investidores estão mais preocupados com o baixo crescimento
do país do que com as eleições.
"A melhor maneira de ganhar
repercussão, como a Índia teve
em Davos, é ter um crescimento
melhor em 2006", afirma Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe
do Fundo Monetário Internacional, (2001- 2003) e hoje professor
de Economia da Universidade de
Harvard. Para ele, o Brasil pode
crescer mais se continuar a fazer a
lição de casa em direção a uma
economia mais flexível.
"Mesmo que o progresso seja
lento, continuo otimista que o
crescimento seja energizado conforme os juros caiam para um
ponto sustentável", diz.
"As preocupações mudaram",
diz Armínio Fraga, ex- presidente
do Banco Central do Brasil (1999-2002), atualmente sócio da Gávea
Investimentos. "São agora mais
ligadas ao crescimento. Há algumas pessoas que perguntam sobre eleições, mas não sinto que investidores podem sair do Brasil
por causa disso. O medo de mudança súbita pela chegada do PT
ao governo quase desapareceu. O
que preocupa agora é o crescimento." Fraga não quis comentar
o ritmo da redução da taxa básica
de juros da economia brasileira.
"Não sei se, de certa forma, ainda
estou na quarentena."
Com relação a apostas de fundos hedge (de maior risco) no
mercado futuro de câmbio, antecipando a valorização do real,
Fraga afirma que não é claro que a
posição seja assim tão grande.
"Ninguém sabe direito o tamanho dessas estruturas de investimento, com derivativos. A gente
observa o que está no balanço de
pagamentos. É muito saudável:
um superávit em conta corrente,
mais uns 2% do PIB [Produto Interno Bruto] ao ano de investimento direto."
O ex-presidente do BC lembra
também que com a taxa de câmbio flutuante, se ocorrer alguma
coisa, poderá haver pressão no
câmbio, "mas aquela pressão da
época do câmbio fixo não tem por
que acontecer".
Com relação à América Latina,
Fraga disse que "sente um cheiro
de populismo no ar, na Venezuela, na Argentina. Mas, no Brasil,
esse risco é baixo, ainda que algum risco sempre exista".
Para Kenneth Rogoff, as eleições também não assustam. "A
visão de investidores estrangeiros
é que, se houver mudança no governo, a estabilidade macroeconômica e fiscal será mantida. O
Banco Central parece sereno ao
reduzir a taxa de juros numa boa
velocidade, apesar das eleições."
Rogoff tampouco mostrou-se
preocupado com a significativa
posição de fundos hedge (mais
agressivos) no mercado futuro,
apostando na valorização da
moeda doméstica. "Ficaria muito
mais preocupado com relação a
grandes posições em derivativos,
se o Brasil ainda tivesse a vulnerabilidade externa que já teve, e se
ainda tivesse câmbio fixo."
O ex-economista-chefe do FMI
notou que o Brasil teve um papel
menor em Davos neste ano. "Foi
devido à ausência do presidente
Lula. Sua presença teria aumentado a visibilidade do país."
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