São Paulo, quinta, 29 de janeiro de 1998

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VIAGEM À SUÍÇA
Presidente afirma que não crê em mudanças bruscas no Real mesmo que ele não seja reeleito este ano
Eleição não influirá na economia, diz FHC

CLAUDINÊ GONCALVES
especial para a Folha, de Zurique


O presidente Fernando Henrique disse ontem em Zurique que não crê em mudanças bruscas na economia brasileira, mesmo que ele não seja reeleito.
Respondendo a pergunta de um empresário ao final de sua explanação sobre o Brasil, o presidente afirmou que "já existe uma ampla consciência da sociedade" sobre o plano econômico, mas apressou-se em dizer que não trabalha com a hipótese de não ser eleito.
Ele arrancou risos da platéia de empresários dizendo que se não for reeleito virá para a Suíça ser "conselheiro de negócios".
Na conferência, a convite da Câmara de Comércio Latino-americana na Suíça, FHC falou em francês. Explicou as vantagens do Plano Real e repetiu várias vezes que o Brasil atravessa um momento particular "porque a estabilidade da moeda permite planejar a vida futura". Disse que na crise asiática houve perplexidade no Brasil, mas que depois "a reação foi positiva" e serviu para o Brasil ver seus pontos fracos e corrigi-los.
Questionado por outro empresário sobre a lentidão das reformas, o presidente afirmou duas das reformas mais difíceis -a da administração e a da Previdência- estão sendo concluídas.
O presidente deixou uma impressão boa na maioria dos presentes, mas não em todos. Nicolas Ayek, presidente da SMH, maior grupo relojoeiro suíço, disse que "não basta fazer preleção em Zurique para atrair investimentos".
Para ele, o governo "pode fazer muito mais para criar no Brasil as mesmas condições de investimento que existem em outros países, especialmente combatendo a corrupção, o excesso de burocracia e o funcionamento das alfândegas".
No jantar oferecido ao presidente Fernando Henrique pela União Suíça do Comércio e Indústria, ao qual a imprensa não teve acesso, Ayek disse que perguntaria ao presidente "quando o Brasil vai realmente se abrir e aproveitar da internacionalização da economia".

Jornalistas

"Não vim vender o Brasil porque o Brasil não está a venda. O Brasil é um grande país e não um grande mercado". Assim começou a conversa de FHC com os jornalistas pela manhã, no hotel em que está hospedado em Zurique.
O presidente também elogiou o trabalho do Congresso na convocação: "Estou confiante porque o Congresso já aprovou tanta coisa importante nessa sessão extraordinária. Espero que a reforma administrativa seja aprovada até 11 de fevereiro e que a reforma da previdência seja votada na comissão até 4 de fevereiro".



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