São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEM REAÇÃO
Enquanto a ex-mulher estava em CPI na Câmara, prefeito paulistano despachava com secretário
Pitta critica denúncia feita pela OAB

ANGÉLICA SANTA CRUZ
da Reportagem Local


Enquanto a ex-primeira-dama Nicéa Pitta fazia novas denúncias em Brasília, o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, despachava em seu gabinete com o secretário de Esportes, Fausto Camunha.
Tranquilo e sorridente, o prefeito discutia com Camunha se deve participar da 6ª Maratona de São Paulo, evento marcado para o dia 11 de julho e patrocinado pela Rede Globo, que veiculou as primeiras denúncias de sua ex-mulher.
Só no final da tarde, comentou o pedido de impeachemnt da OAB e as novas acusações de Nicéa.

OAB -
O prefeito disse estar surpreso com o fato de o pedido de impeachment da Ordem dos Advogados do Brasil estar fundamentado em argumentos como suas quatro condenações judiciais. "Isso é estranho vindo da OAB. De acordo com a Constituição, toda pessoa é presumilvemente inocente até esgotar todos os recurso na esfera jurídica. Isso deveria ser levado em consideração. Do ponto de vista técnico-jurídico, posso dizer que não há novidades em relação a situações divulgadas e não comprovadas".

QUÉRCIA -
Na CPI dos Medicamentos, Nicéa Pitta disse que o prefeito recebia visitas do ex-governador Orestes Quércia. Pitta respondeu: "Recebi o ex-governador uma única vez em minha casa, na época em que estávamos definindo uma nova filiação partidária. Acredito que foi por volta de agosto ou setembro. O ex-governador aceitou o convite e me retribuiu com outro, de um jantar em sua casa. Nicéa não participou da conversa, nem foi tratado nenhum assunto que não fosse a base governista ou a possibilidade de eu ir para o PMDB".

REGIS -
Celso Pitta acusou o vice-prefeito de "oportunista", dizendo que Regis de Oliveira tentou se unir a oposicionistas para derrubá-lo. "Ele quer tomar o lugar do prefeito".

PAS -
O prefeito evitou entrar em detalhes sobre as denúncias, feitas por sua ex-mulher, de que unidades do PAS seriam usadas para fazer caixa de campanha e de que haveria irregularidades no hospital do Campo Limpo. "O que Nicéa disse foi desmentido em seguida pelo doutor Delamanha (Antônio Delamanha, diretor do hospital que, segundo Nicéa, teria relatado a ela as irregularidades). Essa grande mentira, essa grande trama, está sendo desmentida peça por peça".

PMDB -
Os dez vereadores do PMDB, partido que integra a base governista na Câmara, decidiram votar a favor do impeachment. O prefeito atribuiu a virada ao momento político. "Há um contexto de nervosismo e ebulição na Câmara. O que me interessa na verdade é o resultado final".

ESTRATÉGIA -
Pitta disse que pretende conversar com as lideranças da bancada governista para mudar a disposição de votar a favor do impeachment. "Em relação à peça apresentada pela OAB, vou fazer esclarecimentos de todos os pontos com as lideranças".

SUBORNO -
Pitta negou que a prefeitura tenha "contatos" com o novo alvo das denúncias de suborno de vereadores, o ex-funcionário da Câmara Rivaldo Sant'anna. "O Executivo não faz esse tipo de prática. O prefeito tem apoio na Câmara".

CANDIDATURA -
O prefeito afastou a possibilidade de sofrer um impeachment e reforçou a possibilidade de tentar a reeleição. "Existem apenas duas alternativas para meu governo. Uma é concluir meu mandato no dia 31 de dezembro deste ano. A alternativa seria a eventualidade de eu vir a me candidatar".
Pitta aposta no fim da crise política iniciada com denúncias de sua ex-mulher nas próximas semanas. Um dos argumentos usados pelos vereadores da base governista que ameaçam votar a favor do impeachment é que o prefeito não teria "projeto político".
O prefeito afirmou que pode precipitar sua decisão de se candidatar outra vez. "Hoje existe uma indefinição que não é só minha, mas das outras candidaturas também. No decorrer do desenvolvimento desse assunto, é possível que essas decisões sejam precipitadas. Se existe hoje essa lacuna, ela pode ser preenchida na próxima semana. Não só eu como outros candidatos poderão antecipar suas decisões."


Texto Anterior: Pianista anuncia processo
Próximo Texto: No Ar - Nelson de Sá: Mais um, mais um
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.