São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2001 |
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ALIADOS EM CRISE Senador promete entregar lista com 40 assinaturas para CPI Carlistas negociam e ACM ameaça ANDRÉA MICHAEL DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Enquanto o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) ameaça entregar cerca de 40 assinaturas para a abertura da CPI da corrupção, os chamados carlistas -liderados pelo governador da Bahia, César Borges- negociam com o Palácio do Planalto a manutenção de cargos no governo. ACM disse ontem que é "indiferente" ao número de assinaturas coletadas para a CPI, numa demonstração de que está mandando um recado para o presidente Fernando Henrique Cardoso. "Se eu quiser, tenho 40 votos na Câmara, mas não estou trabalhando para isso", disse à Folha. Para definir o ritmo em que a CPI pode ou não ser instalada, ACM fez uma alusão a inscrições bíblicas: "A cada dia, sua aflição". Pela primeira vez ele se mostrou disposto a desistir da CPI, desde que seja possível garantir a apuração de certas denúncias, sem no entanto detalhar quais. Anteontem, César Borges ligou para FHC para negociar a acomodação de ACM e dos carlistas. Segundo Borges, o propósito da ligação para FHC foi garantir que a Bahia não sofrerá retaliações. O governador cobrou verbas para o Estado, cuja liberação estaria sendo dificultada pelos ministérios dos Transportes e da Integração Regional e pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Os três órgãos estão sob o comando do PMDB. Levantamento feito a partir de dados do Siafi (sistema informatizado de acompanhamento dos gastos federais) mostra que o governo da Bahia recebeu 39,68% dos recursos para investimentos do Orçamento de 2000. O Ceará, governado por Tasso Jereissati (PSDB), conseguiu 89,14%. Os recursos seriam uma compensação pelas "perdas da Bahia": a queda dos ministros Waldeck Ornélas (Previdência) e Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), além do presidente da Eletrobrás (Firmino Sampaio), todos indicados por ACM. A conversa com o presidente, segundo Borges, parou por aí. "Não falamos de CPI. Ele só me disse que não haverá qualquer retaliação. Esse foi o discurso, agora vamos ver a prática." Outro interlocutor de ACM com o Palácio é o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), que se diz contrário à CPI. "Lutarei contra. Mas, se for necessário, também assino", declarou. Assinará se ACM for às vias de fato e precisar dar uma nova demonstração de força, como fez ao garantir a assinatura dos outros dois senadores baianos -Ornélas e Paulo Souto, ambos do PFL. Os cinco deputados carlistas baianos que assinaram a CPI até agora não têm cargos no governo. Por isso, foram instruídos a dar apoio à iniciativa da oposição. Os que têm cargos no governo, entretanto, ainda não assinaram. É o caso, entre outros, de Aleluia. Colaborou FERNANDO RODRIGUES, da Sucursal de Brasília Texto Anterior: PMDB frustra perspectivas de CPI Próximo Texto: 13 governadores se dizem contrários à CPI Índice |
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