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PMDB frustra perspectivas de CPI
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo obteve ontem uma
vitória no Senado para conter o
movimento a favor da criação da
CPI da corrupção.
A bancada do PMDB decidiu
que nenhum outro senador do
partido vai assinar o requerimento da CPI, além dos seis que já deram seu apoio. Isso reduziu a expectativa da oposição de obter as
assinaturas necessárias para
aprovar a comissão.
Apesar de a decisão do PMDB
não ter sido unânime e ter exposto graves divergências internas no
partido, o governo comemorou e
a oposição foi tomada pelo pessimismo.
"Sem o PMDB fica muito difícil.
Havia promessas no partido",
disse o líder do bloco da oposição
no Senado, José Eduardo Dutra
(PT-SE), que tem 25 das 27 assinaturas necessárias de senadores,
mas não vê perspectiva de obter
novos apoios de agora em diante.
Também na Câmara a oposição
estava menos confiante ontem.
Segundo cálculo do líder do PT na
Câmara, Walter Pinheiro (BA), se
o PL decidir apoiar a CPI, o total
de assinaturas deverá chegar a
150. Para a criação da CPI são necessários 171 deputados. Sem esse
apoio, o PT contabiliza ter 143 assinaturas.
Depois da reunião do PMDB, a
avaliação do governo foi que a
CPI está "combalida". Pela manhã, o presidente Fernando Henrique Cardoso havia se reunido
com o presidente do Senado e do
PMDB, Jader Barbalho (PA), por
mais de uma hora.
Segundo a Folha apurou, FHC
voltou a cobrar de Jader apoio do
PMDB contra a CPI. Disse que, se
o partido faz parte do governo,
sua liderança teria de enquadrar a
bancada.
O presidente ainda afirmou
que, se a CPI avançasse, os líderes
do governo entrariam com uma
representação alegando que o requerimento não tinha objeto definido e era muito amplo. Jader foi
avisado que, nesse caso, teria de se
pronunciar a respeito da legalidade da CPI, apesar de ter assinado a
proposta.
Mais tarde, na reunião, Jader
pediu que os senadores não dessem seu apoio à CPI. Ele voltou a
dizer que assinou o requerimento
por uma questão pessoal, por estar envolvido nos casos a serem
investigados.
"Entendemos que a CPI é uma
ação política da oposição e, como
partido da base governista, o
PMDB não pode apoiar. O que a
base deseja é que não se alcance o
número de assinaturas necessário", disse Jader.
Dos 27 senadores do PMDB, 22
estavam presentes à reunião, que
durou mais de três horas. Apenas
quatro votaram a favor da criação
da CPI: Maguito Vilela (GO), Roberto Requião (PR), José Fogaça
(RS) e Casildo Maldaner (SC).
Apesar de já ter dado voto favorável, Maldaner afirmou que deverá seguir a decisão da bancada.
Pedro Simon (RS) e José Alencar
(MG), que também já assinaram o
requerimento, não estavam presentes à reunião, mas, consultados por telefone, mantiveram seu
apoio à CPI.
Amir Lando (RO), que era uma
promessa de assinatura, também
estava viajando e, por telefone,
disse que seguiria a decisão da
maioria.
Pressões
Maguito Vilela disse que vem
sofrendo pressões de "todo o governo" para que retire sua assinatura do requerimento, inclusive
com ameaças de demissão do ministro Ovídio de Ângelis (Secretaria Especial de Desenvolvimento
Urbano), que é do PMDB goiano.
"É mais fácil eu sair do Congresso e da política do que retirar minha assinatura. Podem demitir
quem quiserem", afirmou ele, que
é o 1º vice-presidente do PMDB.
O senador saiu da reunião criticando o governo e, principalmente, o ministro peemedebista Eliseu Padilha (Transportes).
"O PMDB não aceita a situação
das estradas, que estão esburacando e matando pessoas. Por
que eu vou defender esse governo? A meu ver, os cargos são estão
servindo aos próprios ministros",
afirmou Maguito.
Outro fato positivo ao governo,
ontem, foi o anúncio de que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) deverá fazer um discurso, em nome
do PSDB, condenando a CPI.
Sua escolha para falar pelos tucanos é simbólica, porque ele e
seu irmão Osmar Dias (PSDB-PR), também senador, costumam
ter uma posição de independência em relação ao governo.
"Quando falaram em CPI da
corrupção, minha primeira posição foi de assinar. Mas depois vi
que o requerimento é inconstitucional", disse Álvaro Dias.
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