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AGENDA PETISTA
Principais pontos já foram aceitos por conselheiros; projeto deve sofrer mais resistência no Congresso
Conselho chancela reforma tributária na 2ª
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo passou boa parte do
dia de ontem em discussões sobre
a proposta de reforma tributária,
que, espera-se, será aprovada
com facilidade na próxima segunda pelo CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, fórum de 82 representantes
da sociedade).
Com a reunião do conselho,
convocada em caráter extraordinário, o Planalto pretende criar
um fato político favorável à sua
agenda reformista, até aqui prejudicada por divisões internas nos
debates em torno da autonomia
do Banco Central e das mudanças
na Previdência.
Na parte tributária, avalia-se
que já há consenso suficiente em
torno dos princípios gerais que
embasarão a primeira etapa da reforma, dedicada a alterações na
Constituição. Esse foi o tema de
reunião entre o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e o ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Foi programada uma intensa
lista de atividades para o CDES na
segunda -a presença de Lula,
originalmente anunciada, não estava confirmada até o fechamento
desta edição. Haverá uma conferência pública e até a finalização
de um "Manifesto pela Paz". Mas
o prato principal será mesmo a reforma tributária.
A estratégia do governo de dividir em duas etapas, adiando o debate dos temas potencialmente
mais polêmicos, facilitou a aceitação das propostas no conselho, no
qual 50% dos membros são empresários -e grande parte deles,
militantes da reforma.
Após um único dia de debates,
em 13 de março, o governo anunciou que já havia consenso em
torno da proposta, cancelou as
três reuniões restantes sobre os
temas e marcou o encontro extraordinário de segunda.
Embora o CDES tenha sido criado como o fórum que daria forma
aos principais projetos do governo, as linhas gerais da reforma tributária já estavam definidas por
Palocci antes de serem apresentadas oficialmente aos conselheiros.
Elas foram discutidas, em primeiro lugar, com os 27 governadores, que as listaram na "Carta
de Brasília", divulgada em fevereiro. Dias depois, o ministro da Fazenda fez uma explanação sobre o
tema em um encontro aberto de
prefeitos em Brasília.
Envio em abril
Recebido o carimbo de aprovação do CDES, o governo acredita
poder enviar o projeto ao Congresso em abril, talvez ainda na
primeira quinzena. Apesar de ter
acelerado o cronograma da reforma tributária, o Planalto ainda
considera a da Previdência sua
principal prioridade.
Há evidências de que, no Congresso, a proposta tributária não
passará por um debate tão rápido
e amistoso como os realizados
com governadores, prefeitos e
conselheiros nomeados por Lula.
Partidos de oposição, em especial o PSDB e o PFL, já sinalizaram
que, embora favoráveis a um novo sistema de impostos, têm suas
próprias idéias sobre o tema e não
se disporão a simplesmente endossar o texto do governo.
Há dois pontos principais de
polêmica. O primeiro é o ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços), maior
fonte de receita dos Estados, que o
governo quer transformar num
IVA (Imposto sobre Valor Agregado) com uma legislação única.
Num debate com Palocci anteontem, senadores como Tasso
Jereissati (PSDB-CE) e Jefferson
Péres (PDT-AM) se disseram
contrários a regras que gerem
perdas para seus Estados sem discutir formas de compensação.
O outro tema delicado é a
CPMF, que o governo precisa
prorrogar com a atual alíquota de
0,38% por pelo menos mais um
ano. Tanto no CDES como no
Congresso, a posição majoritária
é por uma alíquota simbólica.
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