São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Racha deve ocorrer se não houver consenso no Rio Grande do Sul

PDT e PTB podem romper a aliança com PPS nos Estados

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O PDT e o PTB pretendem romper as alianças estaduais com o PPS, caso não seja encontrado um nome de consenso para disputar o governo do Rio Grande do Sul pela Frente Trabalhista -aliança que reúne os três partidos em torno da pré-candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência.
A decisão foi tomada pelos líderes dos dois partidos em reunião na casa do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, na semana passada. Às 10h de hoje, haverá outra reunião na sede regional do PDT. Deve ser a última chance de união da Frente Trabalhista. Caso o impasse continue, o PDT e o PTB pretendem oficializar a decisão de rompimento com PPS na disputa estadual nesta terça-feira.
Os três partidos divergem sobre o nome que deve disputar o governo gaúcho. O ex-governador Antônio Britto (PPS) ameaça lançar sua candidatura, mas não conta com o apoio do PDT. Os pedetistas fizeram forte oposição ao governo de Britto, de 1995 a 1998.
O vice-presidente nacional do PTB e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, afirmou ontem que o PPS deve resolver a questão no Rio Grande do Sul para então integrar a Frente Trabalhista nos demais Estados.
"O PPS é quem sabe. Se quiser participar, ótimo. Se não, fica o PTB e o PDT", afirmou.
Ao ameaçar o fim da aliança com o PPS nos Estados, o PDT e o PTB pretendem pressionar a sigla a não lançar Britto. Com a verticalização das alianças, o rompimento com os petebistas e pedetistas nos Estados deixaria o partido de Ciro sem mobilidade para se aliar regionalmente a outras legendas, devido à coligação nacional com o PDT e o PTB. A opção proposta ao nome do Britto vem do PDT, que defende o vereador José Fortunati como candidato.
"Acho que essa hipótese [rompimento do PDT e e do PTB com o PPS nas alianças estaduais] não existe. O problema do Rio Grande do Sul vai ser acertado. Mas qualquer tipo de pressão contra o partido é uma pressão contra a candidatura de Ciro", afirmou o presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire.
Ciro Gomes, que participou ontem em Santo André, na Grande de São Paulo, de ato da Força Sindical em comemoração do Dia do Trabalho, não quis comentar a possibilidade de ruptura da Força Trabalhista nos Estados.

Contra o tempo
Britto programa o lançamento da sua candidatura para esta quarta. O prazo para um entendimento dado pelo ex-governador ao PDT encerra-se amanhã.
Uma das soluções analisadas para resolver o impasse seria lançar Britto como deputado estadual para puxar votos e formar uma bancada forte no Estado. O senador José Fogaça (PPS-RS) concorreria à reeleição. O PPS negou tal acerto. Se a situação gaúcha inviabilizar a aliança nacional, o PDT já prepara seu "plano B": indicar o presidente nacional do partido, Leonel Brizola, para a Presidência da República, em uma candidatura própria.
Brizola estipulou duas condições para o PDT integrar a Frente Trabalhista: a reprodução da aliança nacional nos Estados e a não-candidatura de Britto. O PPS forçou a candidatura de Britto criando o impasse. Uma das críticas ao nome de Britto é a sua atuação nas privatizações de estatais criadas durante o período em que Brizola governou o Rio Grande do Sul (1959-1962).


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