|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BAHIAGATE
Documento que recomenda abertura de processo deve ter votação apertada
Conselho vota hoje relatório que pede a cassação de ACM
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com previsão de votação apertada, o Conselho de Ética do Senado decide hoje pela abertura ou
não de processo por quebra de
decoro contra o senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), por
seu suposto envolvimento na escuta telefônica clandestina realizada por funcionários da Secretaria de Segurança Pública.
A tendência dos integrantes do
conselho é aprovar o relatório do
senador Geraldo Mesquita Júnior
(PSB-AC), que recomenda abertura de processo contra ACM e
sugere a aplicação da pena de cassação do mandato.
Os líderes do governo, Aloizio
Mercadante (PT-SP), e do PT,
Tião Viana (AC), defendem aprovação do relatório de Mesquita.
Em nome do PFL, o senador
Paulo Octávio (DF) deve apresentar um voto em separado (relatório para se contrapor ao do relator) considerando improcedente
a acusação de quebra de decoro,
com o argumento de que ACM
não era parlamentar na época dos
grampos.
O líder do PFL, José Agripino
(RN), tentou articular a apresentação de um segundo voto em separado propondo uma pena mais
branda, como a suspensão temporária do mandato. Mas essa tese esbarrou na resistência do próprio ACM, que se recusou a aceitar até mesmo a suspensão.
Além disso, o PFL teve dificuldade de encontrar um senador
aparentemente neutro que apresentasse o segundo voto em separado. Sérgio Guerra (PSDB-PE)
pediu vistas do parecer de Mesquita e era uma alternativa. Mas,
segundo pefelistas, ele rejeitou a
missão.
Dos 15 integrantes do conselho
que votam -o presidente, Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS), só
vota em caso de empate-, a expectativa de líderes partidários é
que 8 aprovem o relatório de Mesquita e 7 rejeitem.
Nesse cálculo, ACM conta com
o apoio do senador Marcelo Crivela (PL-RJ), que substitui o titular do conselho, Magno Malta
(PL-ES), que apóia a cassação,
mas está em missão parlamentar
na Itália. "Será um voto de consciência. As provas não são cabais
contra ele. Depende do entendimento de cada um. O senador
Antonio Carlos é polêmico, mas
morei na Bahia e sou testemunha
dos benefícios que ele levou para
o Estado", disse Crivela.
Sibá Machado (PT-AC), outro
titular, está na Itália, mas sua
substituição -por Fátima Cleide
(RO) ou Ana Júlia (PA)- não deve alterar o resultado, já que o PT
decidiu votar pela cassação.
Segundo aliados do baiano, a
expectativa dele é que o parecer
de Mesquita seja arquivado pela
Mesa Diretora, caso seja aprovado no conselho. Cabe à Mesa examinar o parecer do conselho e decidir pela abertura ou não de processo por quebra de decoro.
Sob o comando do presidente
do Senado, José Sarney (PMDB-AP), 5 dos 7 integrantes da Mesa
votariam com ACM.
O presidente do conselho colocará em votação primeiro o relatório de Mesquita. Se ele for aprovado, o voto em separado nem será apresentado.
Em seu parecer, o relator disse
estar convencido da "gravidade"
do ato praticado por ACM, "divulgando informações colhidas
mediante a prática do crime".
Texto Anterior: No Ar - Nelson de Sá: Os infiéis Próximo Texto: Caso CC-5: Investigação atinge mais 15 contas Índice
|