São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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CAMPO MINADO

Federação de agricultores também criticou invasões; para sem-terra, agronegócio emprega poucos trabalhadores

Bispo "social" ataca o Fome Zero e o MST

DO ENVIADO A INDAIATUBA (SP)

FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

O bispo responsável pelas pastorais sociais da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Aldo Pagotto, criticou ontem o programa Fome Zero e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). D. Aldo disse que o movimento tem um "nobilíssimo ideal", mas que não concorda com seus métodos. Sobre o Fome Zero, o bispo disse que é um programa assistencialista que "acostuma mal as pessoas".
"Estamos cansados de ver bolsa isso, bolsa aquilo", afirmou o bispo, para quem os programas de transferência de renda são políticas compensatórias que rapidamente "se demonstram inadequadas". Para ele, o combate à pobreza seria mais eficaz se fossem intensificados os programas de qualificação de mão-de-obra e os de microcrédito e conta que em Sobral (CE), sede da sua diocese, muitos agricultores não se preocupam muito com a possibilidade de perder a colheita devido à garantia proporcionada pela distribuição de cestas básicas, uma das ações do Fome Zero.
Nas críticas ao MST, d. Aldo ressaltou que é respaldado pelo papa João Paulo 2º. Em 2002, ele condenou as invasões em conversa com bispos brasileiros. Ontem, d. Aldo disse: "Não queremos nem a indústria da invasão nem muito menos pessoas que ideologizem a questão da reforma agrária".
D. Aldo preside a Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. A ela estão subordinadas 11 pastorais, entre as quais a Comissão Pastoral da Terra, que apóia os sem-terra.
As declarações foram dadas durante a assembléia geral da CNBB.
A Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) também criticou os sem-terra. Na Agrishow, feira de agronegócios realizada em Ribeirão Preto (SP), a entidade lançou um documento contra as invasões. A Faesp diz que a cada invasão os fazendeiros perdem cerca de R$ 160 mil.
O MST, por sua vez, criticou a feira e o agronegócio, que, segundo o coordenador do movimento em Ribeirão, Edivar Lavratti, emprega pouca gente, é "tecnificado e se interessa apenas pelo lucro".


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