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CAMPO MINADO
Federação de agricultores também criticou invasões; para sem-terra, agronegócio emprega poucos trabalhadores
Bispo "social" ataca o Fome Zero e o MST
DO ENVIADO A INDAIATUBA (SP)
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
O bispo responsável pelas pastorais sociais da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), d. Aldo Pagotto, criticou
ontem o programa Fome Zero e o
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). D. Aldo
disse que o movimento tem um
"nobilíssimo ideal", mas que não
concorda com seus métodos. Sobre o Fome Zero, o bispo disse
que é um programa assistencialista que "acostuma mal as pessoas".
"Estamos cansados de ver bolsa
isso, bolsa aquilo", afirmou o bispo, para quem os programas de
transferência de renda são políticas compensatórias que rapidamente "se demonstram inadequadas". Para ele, o combate à pobreza seria mais eficaz se fossem
intensificados os programas de
qualificação de mão-de-obra e os
de microcrédito e conta que em
Sobral (CE), sede da sua diocese,
muitos agricultores não se preocupam muito com a possibilidade
de perder a colheita devido à garantia proporcionada pela distribuição de cestas básicas, uma das
ações do Fome Zero.
Nas críticas ao MST, d. Aldo ressaltou que é respaldado pelo papa
João Paulo 2º. Em 2002, ele condenou as invasões em conversa
com bispos brasileiros. Ontem, d.
Aldo disse: "Não queremos nem a
indústria da invasão nem muito
menos pessoas que ideologizem a
questão da reforma agrária".
D. Aldo preside a Comissão
Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz. A ela estão subordinadas 11 pastorais, entre as quais a Comissão Pastoral
da Terra, que apóia os sem-terra.
As declarações foram dadas durante a assembléia geral da CNBB.
A Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) também criticou os sem-terra. Na
Agrishow, feira de agronegócios
realizada em Ribeirão Preto (SP),
a entidade lançou um documento
contra as invasões. A Faesp diz
que a cada invasão os fazendeiros
perdem cerca de R$ 160 mil.
O MST, por sua vez, criticou a
feira e o agronegócio, que, segundo o coordenador do movimento
em Ribeirão, Edivar Lavratti, emprega pouca gente, é "tecnificado
e se interessa apenas pelo lucro".
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