São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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Lula sugeriu a Rice não endurecer o diálogo com Chávez

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) sugeriram à secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, durante sua visita de um dia e meio a Brasília, que os EUA não endurecessem contra a Venezuela pois isso só iria aumentar a ameaça de ataques à democracia naquele país.
"Ataques partindo de Washington são um estímulo a um golpe", avisaram os interlocutores brasileiros de Rice, lembrando do golpe tentado pelo empresário Pedro Carmona em 2002. Durou apenas 48 horas, e o presidente Hugo Chávez voltou mais forte ao poder.
"E não se esqueçam: a primeira coisa que o Carmona fez ao tentar o poder foi fechar o Congresso. Isso é democracia?", teria dito Amorim.
O conselho foi dado tanto no encontro de Rice com Lula no Planalto na terça-feira quanto no jantar realizado no Itamaraty naquela mesma noite. Houve a preocupação brasileira, porém, de evitar explicitamente o tom de conselho. O tema foi introduzido em momentos informais.
Apesar das críticas ao estilo considerado belicoso de Chávez, o governo e a diplomacia insistiram em defender que seu governo foi sucessivamente legitimado nas urnas.
A questão Venezuela continua sendo um divisor de águas nas relações do Brasil com os EUA. Enquanto o Brasil defende o governo, Washington é o mais duro crítico de Chávez.
Rice introduziu duas reuniões dizendo com todas as letras que não gostaria de "venezuelizar" sua viagem ao Brasil.


A jornalista Eliane Cantanhêde viaja a convite do Itamaraty

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