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DEFESA
Após encontro com o ministro, mulheres de militares encerram acampamento; vice pede "alívio" a jornalistas sobre altas taxas
Alencar põe fim a protesto e reclama de juros
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa e vice-presidente, José Alencar, conseguiu
encerrar ontem o protesto de mulheres de militares por reajuste salarial nas Forças Armadas ao visitar o acampamento em frente ao
prédio de sua pasta. Apesar disso,
voltou a criticar a política de juros
e sugeriu que outros ministros
fossem questionados sobre o porquê de o reajuste não ser viável.
Às manifestantes, ele pediu paciência e confiança no governo.
Aos jornalistas, pediu um "alívio"
nas perguntas sobre política econômica, em especial sobre as taxas de juros. "Eu tenho falado demais sobre isso. É preciso que vocês me aliviem um pouco. Vocês
têm de perguntar também para
outras autoridades", disse.
Mesmo assim, ele repetiu que o
pleito do grupo é justo e que as
Forças Armadas precisariam de
um reajuste de 35% -os militares exigem 23%, como uma segunda parcela prometida pelo governo. "Os militares não estão
pleiteando aumento. Eles estão
pedindo recuperação de perdas, é
diferente. As perdas estão no patamar de 35%, porque a vida é dinâmica e a inflação continua."
Recebido com aplausos e faixas
com frases como "José Alencar,
última esperança", ele não fez
promessas às manifestantes. Disse que se reuniria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a
quem chamou de "homem com
autoridade moral" que merecia a
confiança do grupo.
O vice-presidente citou o discurso feito por Lula no dia 19 de
abril, em solenidade de promoção
de oficiais, como prova de que está preocupado com a categoria.
"Eu conversei com o general Albuquerque [comandante do
Exército] e pedi que não houvesse
esta manifestação porque o presidente fez um discurso admirável", afirmou o ministro.
Segundo Alencar, a decisão de
quanto e quando será dado o reajuste é do presidente da República, "estribado nas informações
das autoridades fazendárias". Ele
disse que o problema está ligado
às "dificuldades orçamentárias".
"O problema não é falta de sensibilidade do governo, o Orçamento é que é duro." O ministro disse
ainda que espera que a reposição
ocorra logo. "Se eu pudesse, já tinha dado [o reajuste]", declarou,
ao deixar o ministério rumo à Vice-Presidência.
Acampamento
Ao receberem a notícia de que o
ministro as receberia, a emoção
das manifestantes era visível. Não
esperaram Alencar cruzar a avenida para chegar ao acampamento e o cercaram na calçada. "Ministro, o senhor é a nossa última
esperança", disse uma delas.
Vestidas com "a farda negra da
indignação", elas cobraram do vice-presidente o reajuste prometido e melhores condições para as
Forças Armadas. Depois de uma
rápida conversa, disseram que
iriam "levantar" acampamento e
encerrar as manifestações em respeito ao ministro.
"Não vou responder se confiamos no presidente Lula. Nós confiamos no ministro e temos certeza de que ele vai lutar por uma solução", disse Ester Araújo, presidente da Apemfa (Associação dos
Pensionistas e Esposas de Militares das Forças Armadas).
Ivone Luzardo, presidente da
Unemfa (União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas), lembrou que no ano passado, após o reajuste de 10% em
setembro e a promessa de uma segunda parcela em março, os protestos também foram suspensos.
"Retornamos em março porque
precisávamos ser ouvidos", disse
ela a Alencar. Logo em seguida,
Ivone pediu desculpas pelos "excessos" cometidos em manifestações nos últimos dias. "Estamos
desesperadas."
Depois que o vice-presidente
deixou o local, as participantes do
acampamento comemoraram o
encontro. Ônibus que passavam
com militares que deixavam a Câmara dos Deputados, onde houve
uma solenidade em comemoração ao Dia do Exército, buzinavam. De dentro dos veículos, os
militares, proibidos de fazer greves ou manifestações, levantavam
o polegar em apoio às mulheres.
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