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O TUCANO E A MÍDIA
Ex-presidente decidia se respondia ou não após réplica
FHC concedeu coletiva formal ao menos oito vezes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos dois mandatos presidenciais do tucano Fernando Henrique Cardoso, ele concedeu pelo
menos oito coletivas formais no
Palácio do Planalto. Foram cinco
no primeiro mandato (1995-1998)
e três no segundo (1999-2002). Na
média, FHC deu uma coletiva
clássica por ano no Planalto. Lula,
em dois anos e quatro meses de
gestão, dará hoje a sua primeira
entrevista desse tipo.
Antes mesmo da posse, FHC falou à imprensa. Foi logo após a
eleição, em 6 de outubro de 1994,
no Teatro Nacional, em Brasília,
quando respondeu a 22 perguntas, uma por veículo.
Sua primeira coletiva oficial, porém, foi em 16 de fevereiro de
1995, após apresentar ao Congresso o primeiro lote de propostas de
reforma constitucional. FHC fez
apresentação de 35 minutos. Depois, respondeu a 20 perguntas.
Na ocasião, só perdeu a calma
na última pergunta, da Folha, sobre o que faria se ganhasse R$ 70,
o salário mínimo da época. "Não
sobreviveria", respondeu ele, dizendo que, "por isso", defendia a
reforma da Previdência. "Temos
que ser sérios e não engraçadinhos", afirmou depois.
No período FHC, não havia restrições a réplicas dos jornalistas,
imposição adotada pelo atual governo e que restringe a atividade
de imprensa ao impedir contra-argumentação.
Apesar de não haver proibição a
réplicas, FHC decidia se respondia novamente ao jornalista ou se
seguia adiante. Em 8 de março de
2001, FHC, respondendo a réplica
da Folha, fez ataque bem-humorado ao então aliado e senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), envolvido em duelo na época com o presidente do Senado,
Jader Barbalho (PMDB-PA).
"A posição do senador Antonio
Carlos é igual à do Requião [Roberto Requião, crítico do tucano e
ainda hoje governador do Paraná]. Um trombone isolado na orquestra", afirmou FHC.
Nos anos tucanos, o limite máximo e usual de perguntas era 20.
O limite mínimo eram 12 perguntas, como na entrevista coletiva
dada em 17 de janeiro de 1996.
Devido ao grande número de
jornalistas credenciados, a assessoria de FHC fazia sorteio entre os
veículos que mantinham cobertura diária e com assento no comitê
de imprensa. Na coletiva de 21 de
agosto de 1995, o Planalto limitou
a 15 o número de perguntas. Na
ocasião, grandes veículos de comunicação não foram sorteados
e, assim, não perguntaram.
Na comparação com Lula, FHC
era mais amistoso com os jornalistas e concedia coletivas rápidas
em maior número nas viagens
domésticas e internacionais. Em
suas viagens, Lula, muitas vezes,
não falou com a imprensa.
Em dias de notícia de muito impacto, FHC também ia à sala de
briefings para responder a perguntas específicas e acabava falando de tudo. Em algumas visitas
de autoridades estrangeiras, FHC
deu coletivas, algo que Lula evita.
(KENNEDY ALENCAR E CATIA SEABRA)
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