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CAMPO MINADO
Grupo segue para Brasília; empresas reclamam de estragos
MST invade pedágios no PR e cobra contribuição
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A caminho de Brasília, para a
marcha nacional do movimento,
integrantes do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) invadiram ontem ao menos oito praças de pedágio de rodovias do Paraná. Outras duas foram pontos de manifestações relâmpagos no fim da tarde.
Cerca de mil sem-terra do Estado se deslocaram de acampamentos de quatro regiões rumo a Londrina -onde haverá concentração hoje- e foram tomando as
praças que encontraram pelo caminho. Houve casos de o mesmo
grupo invadir mais de uma praça.
Os sem-terra viajaram de ônibus
de um ponto a outro.
Na maioria dos casos, as praças
invadidas tiveram o pedágio liberado. Em Cascavel (oeste) e Arapongas (norte), pela manhã, os
motoristas comemoraram o passe livre com buzinaço.
Já em Mauá da Serra, no norte
do Estado, os sem-terra instituíram um "pedágio-contribuição".
Na Lapa (sul), o "pedágio" foi um
boné do MST, vendido a R$ 10.
Avisada, a Polícia Militar acompanhou as manifestações à distância e, até o final da tarde, não
houve registro de tumulto -apenas de depredações. O governo
do Paraná prometeu uma nota
oficial da Secretaria da Segurança,
mas até o início da noite de ontem
ela não tinha sido divulgada.
A ABCR (Associação Brasileira
das Concessionárias de Rodovias) denunciou tratamento hostil
aos funcionários das praças por
parte dos sem-terra e estragos em
pelo menos dois locais.
Capuz
Os líderes das cerca de 80 pessoas que tomaram a praça de
Mauá da Serra às 9h chegaram
encapuzados e cortaram a comunicação, segundo o diretor regional da ABCR, João Chiminazzo
Neto. Eles tiraram a proteção do
rosto depois de inutilizarem as câmaras de vídeo, disse o diretor.
Segundo ele, repetiu-se a estratégia de outras invasões, "para evitar que sejam identificados e responsabilizados na Justiça". Também houve relato de cancelas
quebradas na Lapa.
"Quem anda encapuzado é o
"Primeiro Comando Rural" [movimento de donos de terra] e a
milícia armada da Polícia Militar
[grupo de policiais acusado de
dar segurança a fazendeiros]",
disse o líder do MST José Damasceno, negando a denúncia da
ABCR. "Os sem-terra agem com o
sol quente na cara", afirmou.
"Temos a situação sob controle
e não invadimos, ocupamos as
praças. É uma forma de fazer relação com a população [chamar a
atenção] para o debate da reforma agrária", disse.
O diretor da ABCR disse identificar "linguagem de comício" nas
acusações do líder sem terra contra os preços praticados pelas
concessionárias. Ele usou de cautela, mas fazia referência ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que, na campanha eleitoral de 2002, prometeu
baixar ou acabar com o pedágio.
Em 2003, o governo respaldou o
MST na primeira invasão a praças
de pedágio em protesto contra o
reajuste. Requião e as seis concessionárias travam uma batalha judicial desde o início do governo.
Chiminazzo disse que o usuário
das rodovias paga os prejuízos de
um dia sem cobrança e das depredações. "Nossa indignação é que a
polícia fica assistindo à cena sem
agir, não cumprindo a função de
proteger o patrimônio público."
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