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QUESTÃO AGRÁRIA
Instituto gastou R$ 273,4 mi na compra de 4 fazendas desde 2004
Incra compra terras produtivas em MS
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Em vez de buscar áreas improdutivas, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) virou o principal comprador de fazendas produtivas
em Mato Grosso do Sul. O órgão
ainda reduziu o tamanho dos lotes de 23 para 12 hectares por família e incentivou o aluguel de
pastos nos assentamentos recém-criados. Desde maio de 2004, o Incra-MS gastou R$ 273,4 milhões
na compra de quatro fazendas.
Neste ano, aprovou em audiências públicas a aquisição de outras
três por R$ 95,6 milhões e negocia
ao menos duas áreas que devem
custar R$ 190 milhões.
"Eu acho que a reforma agrária
no país está errada", afirma o superintendente do Incra no Estado, Luiz Carlos Bonelli, que defende como novo modelo a compra de fazendas e a produção coletiva (feita em sociedade pelas famílias) nos assentamentos.
Uma das terras que tiveram a
compra aprovada pelo Incra durante audiência é a fazenda São
Gabriel, em Corumbá (400 km de
Campo Grande). A área, de 4.600
hectares e avaliada em R$ 20,6 milhões, é do pecuarista José Carlos
Bumlai, membro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) do governo Lula.
Segundo Bonelli, os processos
de compra de área são legais e o
valor do imóvel é definido por
avaliação de agrônomos do Incra.
"Eu não vou dar conta de assentar 9.000 famílias [meta deste ano]
desapropriando terras. De cada
100 áreas vistoriadas, só 7 servem
e são pequenas", diz Bonelli, ao
justificar o empenho na compra
de terras, mecanismo regulamentado por um decreto federal de 92.
Segundo Bonelli, duas áreas foram declaradas neste ano de interesse para a reforma agrária por
Lula, ou seja, vão ser desapropriadas. "Nelas cabem mil famílias."
Bonelli afirma que as terras de
Bumlai são as melhores para reforma agrária em Corumbá, pois
estão livres de inundação no Pantanal. O Incra, segundo ele, deu
cinco dias de prazo para proprietários rurais da região oferecem
uma área melhor. "Foram duas
proposta acima do preço [a ser
pago a Bumlai]", afirmou.
O Incra ainda negocia com o
grupo Bertin, que diz ser o maior
exportador de carne bovina do
Brasil, a compra de mais duas fazendas. O objetivo, segundo Bonelli, é evitar que as áreas sejam
vendidas a plantadores de soja.
Neste mês, o Incra liberou R$ 59,7
milhões para compra de 9.927
hectares, um terço da fazenda Eldorado do grupo Bertin.
O Incra permitiu que os agricultores aluguem cerca de 5.300 hectares de pastos até que o assentamento esteja formado, com as casas construídas e plantio iniciado.
O dinheiro do aluguel fica com os
assentados.
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