São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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QUESTÃO AGRÁRIA

Instituto gastou R$ 273,4 mi na compra de 4 fazendas desde 2004

Incra compra terras produtivas em MS

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Em vez de buscar áreas improdutivas, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) virou o principal comprador de fazendas produtivas em Mato Grosso do Sul. O órgão ainda reduziu o tamanho dos lotes de 23 para 12 hectares por família e incentivou o aluguel de pastos nos assentamentos recém-criados. Desde maio de 2004, o Incra-MS gastou R$ 273,4 milhões na compra de quatro fazendas. Neste ano, aprovou em audiências públicas a aquisição de outras três por R$ 95,6 milhões e negocia ao menos duas áreas que devem custar R$ 190 milhões.
"Eu acho que a reforma agrária no país está errada", afirma o superintendente do Incra no Estado, Luiz Carlos Bonelli, que defende como novo modelo a compra de fazendas e a produção coletiva (feita em sociedade pelas famílias) nos assentamentos.
Uma das terras que tiveram a compra aprovada pelo Incra durante audiência é a fazenda São Gabriel, em Corumbá (400 km de Campo Grande). A área, de 4.600 hectares e avaliada em R$ 20,6 milhões, é do pecuarista José Carlos Bumlai, membro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) do governo Lula.
Segundo Bonelli, os processos de compra de área são legais e o valor do imóvel é definido por avaliação de agrônomos do Incra.
"Eu não vou dar conta de assentar 9.000 famílias [meta deste ano] desapropriando terras. De cada 100 áreas vistoriadas, só 7 servem e são pequenas", diz Bonelli, ao justificar o empenho na compra de terras, mecanismo regulamentado por um decreto federal de 92.
Segundo Bonelli, duas áreas foram declaradas neste ano de interesse para a reforma agrária por Lula, ou seja, vão ser desapropriadas. "Nelas cabem mil famílias."
Bonelli afirma que as terras de Bumlai são as melhores para reforma agrária em Corumbá, pois estão livres de inundação no Pantanal. O Incra, segundo ele, deu cinco dias de prazo para proprietários rurais da região oferecem uma área melhor. "Foram duas proposta acima do preço [a ser pago a Bumlai]", afirmou.
O Incra ainda negocia com o grupo Bertin, que diz ser o maior exportador de carne bovina do Brasil, a compra de mais duas fazendas. O objetivo, segundo Bonelli, é evitar que as áreas sejam vendidas a plantadores de soja. Neste mês, o Incra liberou R$ 59,7 milhões para compra de 9.927 hectares, um terço da fazenda Eldorado do grupo Bertin.
O Incra permitiu que os agricultores aluguem cerca de 5.300 hectares de pastos até que o assentamento esteja formado, com as casas construídas e plantio iniciado. O dinheiro do aluguel fica com os assentados.


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