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CAMPO MINADO
Ações somam metade do total de 2005, aponta Ouvidoria Agrária
Invasões de terra aumentam 75% no 1º trimestre
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de invasões de terra
no campo aumentou 75% no primeiro trimestre deste ano, na
comparação com o mesmo período de 2005. Em relação aos últimos três meses do ano passado, a
ampliação foi de 233%.
De janeiro a março deste ano,
houve 110 invasões de terras -69
delas, só em março, segunda
maior marca atingida no governo
Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro trimestre de 2005, foram 63
e, no último, 33 invasões.
Os sem-terra argumentam que
invasões são o meio mais eficaz de
pressionar o governo para acelerar a reforma agrária. Neste mês,
convencidos de que a reforma só
sairá quando a população das cidades considerá-la "urgente e necessária", o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
anunciou que investirá em ações
urbanas. A declaração, radicalização verbal em forma de ameaça
no ano eleitoral, é termômetro da
insatisfação dos sem-terra com a
gestão petista.
Os números de abril, mês em
que o MST historicamente atua
mais ativamente -marca o aniversário do massacre de Eldorado
do Carajás, em 1996-, ainda não
estão fechados. As 69 invasões de
março são mais que o triplo da
média de ações mensais dos sem-terra. De janeiro de 2003 a dezembro de 2005, houve, em média, 21
invasões por mês.
Com apenas três meses decorridos este ano, o número de invasões, 110, chegou à metade de todo o total do ano passado (220 casos). Os números integram o balanço da Ouvidoria Agrária Nacional, órgão do governo criado
em 1999 para prevenir e controlar
os conflitos no campo.
Se a escalada de invasões chegou a um dos picos no governo
Lula, aparentemente as mortes no
campo vão na direção contrária.
Até agora, não houve morte comprovadamente ligada a confrontos agrários -ainda há 22 casos
em investigação.
Segundo a ouvidoria, o governo
de Lula -que, em campanha,
disse ser o único candidato capaz
de conter a violência no campo-
registrou 880 invasões a imóveis
rurais em todo o país.
No segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (1999-2002), foram 999 invasões.
Desocupação
As cerca de 200 famílias ligadas
ao MST desocuparam ontem, de
forma pacífica, a fazenda Agril, no
norte do Espírito Santo, invadida
na quarta-feira. Dois líderes foram detidos e, segundo a Polícia
Militar, seriam liberados até ontem à noite, após assinarem termo circunstanciado por desobediência à ordem judicial -o decreto de reintegração de posse da
área.
A fazenda fica entre os municípios de Linhares e Aracruz (80 km
de Vitória) e pertence à Aracruz
Celulose. A área já havia sido invadida no ano passado. A coordenação estadual do MST argumenta que parte das terras é devoluta
(do Estado), e que pretende forçar
o poder público a confiscar a área.
A empresa diz que possui a documentação da posse.
Segundo a empresa, a propriedade no Espírito Santo tem 8.700
hectares e 78% da sua extensão é
coberta por áreas passíveis de preservação ambiental. O restante é
usado para plantio de eucaliptos.
Colaborou a Agência Folha
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