EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha

A direção do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Pontal do Paranapanema decidiu ontem invadir uma fazenda destinada a um projeto do governo de São Paulo para plantio de algodão.
O projeto foi lançado anteontem pelo secretário estadual da Agricultura, Francisco Graziano. Prevê beneficiar 70 famílias com arrendamento, por cinco anos, de uma área de 3.600 hectares, com juros subsidiados, e gerar 1.800 empregos.
A fazenda Santa Maria, escolhida para a experiência-piloto no município de Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo), pertence ao ex-governador Abreu Sodré.
Os sem-terra se reúnem amanhã para definir detalhes da invasão ou outra forma de inviabilizar o projeto, segundo o dirigente Walter Gomes.
Em reunião comandada pelo líder José Rainha Jr. em Mirante do Paranapanema, a direção do MST identificou no projeto três pontos que desagradam o movimento: inviabiliza a reforma agrária, na medida em que torna produtivas terras improdutivas, não emprega mão-de-obra, porque a lavoura será mecanizada, e beneficia pessoas de fora do Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo).
Segundo Walter Gomes, a fazenda Santa Maria é improdutiva. ``Quando o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) fizer um laudo, vai dar produtiva, e isso vai beneficiar o fazendeiro e inviabilizar a reforma agrária'', disse.
O MST considera que, se o governo Covas tem interesse em implantar uma bolsa de arrendamentos, deveria discutir com o movimento.
``Besteira''
O secretário da Agricultura disse ontem à tarde, em Ribeirão Preto, não acreditar que os sem-terra invadam a fazenda só para atrapalhar o projeto. Para ele, os argumentos apresentados pelo MST não passam de ``besteiras''. ``Esses argumentos devem esconder algum outro interesse. A não ser que os sem-terra sejam contra gerar emprego e renda'', afirmou.
Francisco Graziano disse que a fazenda Santa Maria tem dez mil cabeças de gado, o que lhe dá condição de produtiva.

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