São Paulo, Quinta-feira, 29 de Abril de 1999
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PAINEL

Cedendo os anéis

Sob pressão da CPI dos Bancos, o governo voltou a considerar a hipótese de tirar a fiscalização do sistema financeiro do Banco Central, que passaria a cuidar exclusivamente do câmbio e da moeda. A fiscalização de bancos teria estrutura própria.

Resposta de ocasião

A retirada da fiscalização de bancos do BC foi discutida pelo governo na época do escândalo do Nacional, mas aos poucos foi sendo esquecida. Até a CPI, prevalecia a tese oposta, de independência. Resta saber se a atual discussão não terá o mesmo fim.

Duro na queda

Bello Parga (PFL-MA), que já teve enfarte e carrega uma ponte de safena no peito, teve uma fibrilação cardíaca depois de mandar prender Chico Lopes. Mas volta a presidir a CPI dos Bancos. Mesmo que ACM não queira.

É só o que se faz

Orientação geral no Planalto: não se fala mais em Chico Lopes.

Encurralado

Aposta que é feita no PFL: FHC não nomeia tão cedo seus líderes no Congresso e no Senado. O presidente, na visão dos pefelistas, estaria enfraquecido e sem qualquer condição de comprar brigas com quem quer que seja.

Nem macumba resolve

Não há a menor disposição na Câmara de votar limites à imunidade parlamentar. Até o habeas corpus que o Supremo deu a Chico Lopes é invocado como pretexto. "Seria o mesmo que dar um tiro nos próprios ouvidos", diz um líder governista.

Nas nuvens

Reunidos anteontem, os tucanos decidiram dar gás à proposta de parlamentarismo na reforma política, que tem sido ignorada solenemente no Congresso. A pedido de Montoro (SP), que disse ter sido estimulado por FHC. ACM pensava o mesmo ao propor a CPI do Judiciário.

Melancia no pescoço

Para não dizer que os tucanos não falaram de CPI na reunião da executiva do partido, Arthur Virgílio (AM) disse que o PSDB não tinha como competir com o PFL e PMDB nesse assunto. "Só criando a CPI da dona Ruth."

Faltou bumbo

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou mudança na Lei Camata que limita a 50% da receita os gastos da União com pessoal. Uma boa notícia para o programa de ajuste fiscal, abafada pelo barulho ensurdecedor das CPIs.

ACM vai adorar

A posse do ministro Carlos Velloso na presidência do STF, dia 27 de maio, deve se transformar em um desagravo à Justiça. Cerca de 2.000 pessoas serão convidadas para a cerimônia, e a Associação dos Magistrados do Brasil oferecerá jantar para 600.

Metralhadora giratória

Em processo acelerado de má vontade com o Planalto, ACM queria sentar a pua na Aeronáutica por causa da cocaína apreendida em avião da FAB. Foi contido por familiares e amigos, sob a alegação de que já abriu muitas frentes de batalha.

Engoliu em seco

Olivio Dutra, que defende a radicalização dos governadores de oposição, ficou contrariado com o cancelamento da reunião do bloco, marcada para ontem no Rio de Janeiro. Mas não falou nada, pois fracassara em tentar trazer Itamar de volta ao grupo.

Saia justa

Lampreia (Relações Exteriores) terá uma tarefa indigesta amanhã: entregar condecoração do Itamaraty a Greca (Turismo), para quem perdeu recentemente o controle das comemorações pelos 500 anos do Brasil.

Volta por cima

Foi o general Alberto Cardoso (Casa Militar) quem emplacou o delegado Pedro Berwanger na superintendência da PF no Rio. Na segunda tentativa. A primeira havia sido barrada pelo ex-diretor do órgão Vicente Chelotti.

Reforço de caixa

O MEC ganhou a causa nas 12 ações judiciais de empresas que pleiteiam o direito de não pagar o salário-educação que chegaram à 2ª instância.

TIROTEIO

De Amir Lando (PMDB-RO), relator da CPI que tirou Collor do Planalto, sobre o que considera excessos cometidos pela CPI dos Bancos:
- CPI não é um tribunal de exceção. Não tem que ter palavrório, tem que ter competência. Não pode exercer a tortura mental. Não pode se transformar num campeonato de virulência.

CONTRAPONTO

Intrigas tucanas
Marcada para 15 de maio, a convenção nacional do PSDB deve reconduzir o senador Teotonio Vilela Filho (AL) à presidência do partido.
Até acertar a sua permanência, o senador fez uma peregrinação aos principais caciques do partido. Um deles foi o ministro da Saúde, José Serra.
Franco, Serra disse a Téo que o apoiaria, mas "sem entusiasmo", por entender que o presidente do PSDB deveria ser alguém agressivo, capaz de comprar brigas, de enfrentar Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), enfim, alguém com o estilo oposto ao do senador alagoano.
Quando Serra terminou, o tucano contou ao ministro que recebera a mesma crítica numa reunião recente com os deputados do partido.
Eles também queriam alguém agressivo, capaz de comprar as brigas da bancada.
E acrescentou:
- Só que era briga com você, Serra!


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