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SISTEMA FINANCEIRO
Ex-presidente do BC poderá se calar para não se incriminar
CPI decide reconvocar
Lopes como testemunha
da Sucursal de Brasília
A CPI dos
Bancos decidiu
que irá reconvocar o ex-presidente do Banco
Central Francisco Lopes para
um novo depoimento. Ele deverá depor na condição de testemunha em data ainda
não definida, mas, segundo os senadores, terá o direito de permanecer calado se questionado sobre
assuntos que eventualmente possam incriminá-lo.
Lopes deveria ter deposto na CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) na segunda-feira. Acabou
preso por se recusar a assinar o termo de compromisso de dizer a verdade, depondo sob a condição de
testemunha. Foi solto na mesma
noite, após pagar fiança.
A comissão decidiu reconvocá-lo
aprovando requerimento do senador Pedro Simon (PMDB-RS). Na
opinião de Simon, o ex-presidente
do BC tem muito a explicar, como
testemunha ou como réu.
Hoje a comissão faz, às 15h, reunião secreta para decidir se aprova
requerimentos pendentes feitos
por senadores.
Anteontem, o senador Roberto
Requião (PMDB-PR) propôs, durante reunião da CPI, que o ministro Pedro Malan (Fazenda) seja
ouvido. O líder do PMDB, Jader
Barbalho (PA), protestou ontem
contra a "pressa" em convocar
pessoas, sem citar o ministro.
Na opinião de Jader, essas decisões devem ser maturadas. "Devemos expor algumas pessoas ao sol
e à chuva. Nada de pressa. Tenho
visto ansiedade intempestiva de
trazer pessoas aqui", disse.
O presidente da CPI, senador Bello Parga (PFL-MA), divulgou nota
em que informa que reassume hoje
o comando dos trabalhos da comissão. Ele disse que se submeteu
a exames de avaliação médica no
Instituto do Coração, em São Paulo. Nos últimos dias a CPI foi dirigida pelo vice-presidente, senador
José Roberto Arruda (PSDB-DF).
Depoimento
Ontem depôs à CPI o consultor
Rubem Novaes, que viajou a Brasília junto com o dono do Marka,
Salvatore Cacciola, quando este
veio pedir socorro ao BC para o seu
banco, em janeiro.
Eles estavam acompanhados
também por Luiz Augusto Bragança, amigo de Lopes. Após a desvalorizção do real, em 13 de janeiro, o
BC vendeu dólar barato ao Marka,
com prejuízo para os cofres públicos, em uma operação que está
sendo investigada pela CPI.
"O Cacciola estava receoso de
talvez não conseguir levar o problema à diretoria do BC. Achou
que o Bragança, sendo amigo do
presidente do BC de então, poderia
ajudar", disse Novaes.
Segundo o consultor, Bragança
tomou um "passa-fora" de Lopes.
"Ele foi fortemente admoestado
pelo Francisco Lopes quando tocou no assunto no café da manhã."
Novaes disse que acompanhou
Cacciola sem cobrar nada, atendendo a "um apelo de um amigo
desesperado". Afirmou ainda que
não foram discutidas formas de facilitar o socorro do BC.
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