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BC foi maior perdedor na desvalorização
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O grande perdedor nas apostas
da Bolsa de Mercadorias & Futuros foi o Banco Central. Apenas
nos contratos fechados nos dois
dias que antecederam a desvalorização do real, o BC acumulou um
prejuízo de R$ 5,4 bilhões em operações intermediadas pelo Banco
do Brasil.
O prejuízo foi calculado pela Folha com base nos dados que a
BM&F enviou à CPI dos Bancos
sobre todas as operações realizadas no mês de janeiro.
Operando em nome do Banco
Central, o Banco do Brasil Banco
de Investimentos dominou as operações de venda de dólar futuro a
partir do dia 11 de janeiro.
A participação média nas operações de venda pulou de cerca de
12% para aproximadamente 70%
do total negociado na BM&F. Ou
seja, ninguém mais do que o BC
apostou que o real não se desvalorizaria. Naquela altura, o real sofria forte ataque especulativo, com
perda de reservas internacionais.
Na véspera da mudança da política cambial, o BB Banco de Investimentos vendeu 39.500 contratos
com vencimento em fevereiro e
março, nos quais apostava que a
cotação do dólar variaria entre R$
1,223 e R$ 1,243. No dia 13 de janeiro, o Banco Central determinava
que o dólar só subiria até R$ 1,32.
No momento de honrar os contratos, o dólar já havia alcançado
R$ 1,98, em fevereiro. Nos contratos negociados para março, o Banco Central teve de bancar uma cotação ainda maior: R$ 2,06.
O prejuízo nos contratos vendidos no dia 12 pelo BB somou R$
3,137 bilhões. Esse é também o
exato tamanho do lucro de quem
comprou os contratos do banco.
A virada do BC foi registrada a
partir do dia 11. Nesse dia, o Banco
do Brasil vendeu 27.910 contratos,
na grande maioria apostando o
dólar a R$ 1,238 em março.
A diferença entre o valor da
aposta e a cotação do resgate dos
contratos produziu um prejuízo
de R$ 2,3 bilhões.
Nos dois dias que antecederam a
desvalorização, o BB vendeu, em
nome do BC, contratos no valor de
R$ 8,3 bilhões. O resgate dessas
operações custou R$ 13,7 bilhões.
O BC admite um prejuízo de R$
7,6 bilhões em operações na
BM&F em janeiro.
No dia seguinte à desvalorização
do real, o Banco do Brasil seria novamente acionado exclusivamente
para socorrer os bancos Marka e
FonteCindam. Essas operações
elevaram a mais de 85% a concentração de contratos de venda de
dólar futuro nas mãos do BC no final de janeiro, por intermédio sobretudo do BB.
No mês da desvalorização, a participação do Banco Central cresceu sete vezes -sob alegação de
enfrentar o ataque especulativo.
Colaborou
Cláudia Trevisan,
enviada especial a Brasília
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