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INVESTIGAÇÃO
Suspeito de negociar dossiê Caribe tenta acordo para não ficar preso 43 meses por tentativa de lavagem de dinheiro
Teixeira Ferraz é condenado nos EUA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O brasileiro José Maria Teixeira
Ferraz foi condenado nos Estados
Unidos a 43 meses de prisão pela
confissão de tentativa de lavar dinheiro do narcotráfico.
Teixeira Ferraz tenta fazer um
acordo para sair da cadeia ou evitar ser condenado em outro caso
do qual é acusado, o que aumentaria o seu tempo de prisão. Além
da tentativa de lavar dinheiro do
narcotráfico, ele é suspeito no caso Metrored (suborno de autoridades da Prefeitura de São Paulo)
e no caso do dossiê Caribe.
Segundo o FBI, Teixeira Ferraz é
um dos suspeitos de idealizar e
negociar o dossiê Caribe. Em gravação do FBI, ele disse ter "a papelada". O dossiê é um conjunto de
papéis sem autenticidade comprovada a respeito de supostas
contas no exterior de uma empresa com sede em paraíso fiscal que
pertenceria ao presidente Fernando Henrique Cardoso, ao ministro da Saúde, José Serra, ao ministro Sérgio Motta (Comunicações)
-morto em 1998- e ao governador paulista Mário Covas
-morto no começo de março.
FHC e Serra negam. Covas também negava. Motta morreu antes
de o caso aparecer.
PF e FBI
Por intermédio da Justiça norte-americana e do FBI, a polícia federal dos EUA, as autoridades brasileiras querem tomar o depoimento de Ferraz e de outras 14 pessoas
envolvidas com o dossiê. A PF
tem especial interesse em ouvir
Oscar de Barros, Luiz Cláudio
Ferraz Silva, Honor Rodrigues da
Silva, João Barusco e Ney Santos.
Oscar de Barros, sentenciado na
semana passada a 78 meses de
prisão por tentativa de lavar dinheiro para o narcotráfico, é também suspeito de idealizar e confeccionar o dossiê. Ele nega.
Como revelou a Folha em abril
de 2000, Ferraz Silva é um empresário que diz ter intermediado a
venda do dossiê a Leopoldo Collor, irmão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, e ao ex-senador Gilberto Miranda. Os dois
teriam repassado os papéis ao ex-prefeito Paulo Maluf. Leopoldo,
Collor, Miranda e Maluf negam
envolvimento na operação.
Ferraz Silva, Honor, Barusco e
Santos dizem que apenas intermediaram a venda do dossiê. Mas
o FBI e a PF descobriram que,
além de intermediários juntos a
políticos e empresários, eles deram parte do dinheiro que teria
comprado o dossiê. Partes do
dossiê se mostraram falsas. A PF
tenta provar que é tudo falso.
Agora, Ferraz Silva, Honor, Barusco e Santos tentam fazer um
acordo com o governo brasileiro.
A PF suspeita que eles tentaram
lucrar com a venda do dossiê. Receberiam um prêmio maior que a
parte que cada um deu para comprar os papéis, caso fossem revendidos por valor superior ao pago
originalmente.
A PF descobriu que Honor havia sido condenado por estelionato. Honor e seus sócios Barusco e
Santos criaram uma clínica de
emagrecimento via internet que
vendia medicamentos sem efeito,
segundo investigação da PF e do
FBI. O FBI levanta eventuais crimes cometidos por eles nos EUA.
Oscar de Barros e José Maria
Teixeira Ferraz foram presos porque passaram a ser grampeados
pelo FBI a pedido de promotores
de Nova York que investigavam o
caso Metrored. Nessas gravações,
descobriu-se uma tentativa de lavagem de dinheiro para o narcotráfico, o que Teixeira Ferraz admitiu e Barros negou.
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