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REFORMAS
Entidade diz que "trabalhará" para que projeto do governo desonere produção
Proposta tributária é "freio" da economia, afirma Fiesp
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou ontem um documento em
que critica a proposta de reforma
tributária do governo ao dizer
que, com a aprovação do projeto
enviado ao Congresso, o sistema
tributário "continuará sendo o
freio e não o motor da economia".
De acordo com a entidade, a
proposta de emenda constitucional do governo apresenta "lacunas" que permitem o aumento da carga tributária e "consagra" a cumulatividade dos impostos.
"Não avaliamos que essa proposta possa ser considerada uma
reforma entendida como tal, nem
que venha a contribuir para a
competitividade da produção nacional e muito menos estimular o
investimento produtivo", afirma
o texto divulgado pela Fiesp, que
representa 129 sindicatos da indústria do Estado.
Além de um "quase certo avanço da carga tributária", para a entidade, os contribuintes serão
atingidos ainda com a transferência de "mais encargos de gestão,
complexidade e consequente aumento de contingências".
Até a divulgação desse documento, a Fiesp vinha evitando entrar em polêmica com o governo.
Apoiou as iniciativas de reforma
propostas pelo Executivo sem entrar no mérito delas. O presidente
da entidade, Horácio Lafer Piva, é
um dos integrantes do Conselho
de Desenvolvimento Econômico
e Social do governo.
Ontem, em reunião do conselho, Piva disse que "trabalhará"
para que as emendas dos parlamentares modifiquem o texto no
que considera fundamental: a desoneração da produção.
"Acreditar que nós vamos fazer
uma reforma agora e vamos melhorá-la daqui a um ano é uma ingenuidade. Nós só vamos ter
oportunidade de mexer novamente na questão tributária daqui
a muitos anos. Até lá, muitas empresas estarão quebradas", disse.
Entre outros pontos, a proposta
de reforma tributária do governo,
que tramita na Câmara dos Deputados, prevê a unificação da legislação do ICMS, com a criação de
apenas cinco alíquotas, a instituição da CPMF como contribuição
permanente e o fim da cumulatividade da Cofins (Contribuição
para Fins de Seguridade Social).
"A proposta de mudanças em
muito pouco contribui para que
os conceitos e objetivos que defendemos possam ser implementados e alcançados", diz o texto.
Carga pesada
A proposta, para a Fiesp, aumenta a carga tributária na medida em que a unificação do ICMS
cria condições para que os produtos sejam alocadas nas faixas de
alíquotas mais elevadas, evitando
que haja perda para os Estados.
A Fiesp avalia que a manutenção da CPMF e o fim da cumulatividade da Cofins, que é ainda contestado pela entidade, "consagra a
cumulatividade, uma das mais sólidas raízes da falta de competitividade e de isonomia entre a produção nacional e a de nossos concorrentes". Os programas de distribuição de renda também não
foram poupados.
Para a Fiesp, a constitucionalização do "meritório programa de
renda mínima, sem fontes de custeio definidas, pode ser lida como
anúncio antecipado de mais um
futuro avanço da carga".
O ministro Tarso Genro (Desenvolvimento Econômico e Social) considerou e legítima a posição da entidade.
(JULIA DUAILIBI E JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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