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São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

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Base governista rejeita emenda do PSDB que elevaria mínimo a R$ 252

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A base de apoio ao governo federal na Câmara dos Deputados rejeitou ontem, por 278 votos a 156, a emenda do PSDB à medida provisória 116, que estabeleceu o salário mínimo em R$ 240. Os tucanos queriam elevar o salário para R$ 252. O texto principal da MP foi aprovado na semana passada.
A sessão foi marcada por acusações da oposição de que o PT traía uma de suas principais bandeiras históricas ao defender, agora, um mínimo menor.
A resposta dos petistas era a argumentação de que os que hoje defendem o aumento maior participaram da administração anterior, que teria promovido uma política pífia de reajustes.
Apesar de o PT e os demais partidos da base aliada terem orientado a bancada a rejeitar a proposta tucana, 28 deputados governistas votaram a favor da emenda, sendo 17 do PMDB.
O PP, que integra informalmente a base, teve 21 votos favoráveis ao governo e 12 contrários. PSDB, PFL e Prona foram os únicos a orientar suas bancadas a aprovar a emenda. Mesmo assim, nove deputados votaram contra a orientação.
"O senador Paulo Paim [PT-RS] fez greve de fome nesta Casa para reivindicar um salário mínimo de US$ 100 dólares. Nossa proposta não é em dólares, não é algo simplesmente irresponsável. Nossa proposta foi baseada na evolução da cesta básica e nos recursos do governo", afirmou o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), autor da emenda.
A referência a Paim -defensor histórico do mínimo de US$ 100- foi uma constante nos discursos de pefelistas e tucanos -estes portavam buttons com a inscrição "R$ 252 já". Walter Feldman (PSDB-SP) usou discursos do então deputado defendendo um salário mínimo maior na legislatura passada.
Já o pefelista José Thomaz Nonô fez um discurso acompanhado com atenção pelo plenário: "Esses R$ 12 representam dois litros de leite, dois quilos de feijão e três quilos de farinha", afirmou.
Para defender o governo, foram escalados os deputados Henrique Fontana (PT-RS) e Beto Albuquerque (PSB-RS). "A maioria do povo sabe que falta credibilidade a um partido como o PSDB, que durante oito anos arrochou os salários", disse Fontana.
"Reafirmo ao plenário que não vamos levar oito anos para reajustar em 100% o salário mínimo. A decisão do governo Lula é dobrar a capacidade aquisitiva desse salário durante os quatro anos de administração. Os primeiros 20% de aumento, apesar da herança de desequilíbrio econômico que herdamos, estão sendo concedidos agora", reforçou Albuquerque.
O deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Casa, disse que o texto original da MP representa "o salário que o governo julga que repõe a inflação e oferece ganho real aos trabalhadores, preparando ainda as condições para a concessão de um salário melhor no futuro". A MP segue agora para o Senado.


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