São Paulo, domingo, 29 de maio de 2005

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PF vai investigar corretora ligada a amigo de petebista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal vai incluir em suas investigações no inquérito aberto para apurar irregularidades no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) as informações de que uma corretora de seguros que pertence a um amigo do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, estaria sendo beneficiada por órgãos do governo federal.
A PF deve ainda realizar na próxima semana uma operação de busca e apreensão envolvendo o IRB. Até o momento, três casos de supostos favorecimentos foram revelados pela imprensa. Um deles envolve a Eletronuclear, publicado pela Folha na semana passada, e outros dois estão relacionados a Furnas e Infraero, trazidos pela revista "Veja" na edição desta semana.
A empresa Assurê, do corretor de seguros Henrique Brandão, estaria sendo beneficiada em contratações feitas por esses órgãos desde 2003. Segundo a "Veja", Brandão é sócio do genro de Roberto Jefferson, Marcus Vinicius Vasconcelos Ferreira.
Em depoimento ao Ministério Público, Jefferson reconheceu que seu genro trabalhou na corretora de Brandão.
No caso da Eletronuclear houve uma recomendação para que fosse contratada a Assurê com o objetivo de intermediar um seguro de US$ 3,6 milhões das usinas de Angra 1 e 2 no ano passado.
O contrato permitiu à empresa de Brandão ganhos de pelo menos US$ 360 mil. A recomendação foi feita por carta endereçada à Bradesco Auto-Re, do grupo Bradesco, vencedora da licitação.
O diretor de Administração e Finanças da Eletronuclear, Carlos Padilha, admitiu à Folha ter enviado carta ao Bradesco recomendando que a Assurê fosse mantida como corretora no contrato com a estatal. Padilha é filiado ao PT, partido pelo qual foi prefeito de Angra dos Reis.
A forma de atuação é semelhante ao apontado no caso da Infraero. De acordo com a "Veja", a estatal enviou carta à Bradesco Seguros, vencedora da licitação da Infraero, informando que duas corretoras -a AON e a Assurê- deveriam ser contratadas.
A indicação das corretoras caberia ao IRB, por envolver operação de resseguro, que é monopólio estatal.
O presidente da Infraero, Carlos Wilson, disse ontem que desde 2003 a estatal vem reduzindo o custo do seguro e passou a contratar duas corretoras, não mais uma como era feito antes. Wilson afirmou ainda que, após um comunicado do IRB, o instituto ficou responsável pela indicação das corretoras.
Já no caso de Furnas, a revista diz que um diretor da estatal ligado ao PT enviou carta ao IRB entregando a operação de resseguros à Assurê. Apesar de barreiras técnicas, o IRB aceitou, segundo a revista, a indicação. O negócio de Furnas giraria em torno de R$ 2,2 milhões.

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