São Paulo, domingo, 29 de maio de 2005

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GOVERNO SOB PRESSÃO

Divergência ocorre entre sindicalistas e técnicos mais qualificados; Severino diz que vai cobrar de Lula nomeação de indicado

Duas alas disputam direção da Petrobras

DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), pretende cobrar amanhã do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a promessa que, diz, lhe foi feita em duas ocasiões, de nomear Djalma Rodrigues para a diretoria da Petrobras. "Segunda é o dia "D'", afirmou a um aliado na semana passada.
De acordo com Severino, Lula se comprometeu com a nomeação em duas ocasiões: a primeira durante o vôo de autoridades brasileiras para o enterro do papa João Paulo 2º, no mês de abril, e a segunda em um encontro entre os dois no Palácio do Planalto.
Os bastidores do que ocorreu entre a palavra dada por Lula e sua decisão de não concordar com a troca de cadeiras na maior estatal do país envolve uma disputa entre duas alas da empresa: a dos sindicalistas, ligada ao presidente José Eduardo Dutra, e a chamada "nomenclatura", composta pelos técnicos mais qualificados do corpo de carreira.

Ligações políticas
O funcionário da Petrobras Djalma Rodrigues, indicado por Severino, tem ligações com um espectro de políticos que começa no ex-ministro José Jorge, do PFL pernambucano, passa pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e chega aos líderes petistas do Senado Aloizio Mercadante (SP) e Delcídio Amaral (MS), com quem trabalhou por muitos anos na empresa.
Em Brasília, atribui-se ora a Delcídio, ora à dupla José Jorge e Marco Maciel a responsabilidade por "embarrigar" Severino Cavalcanti da indicação de Djalma Rodrigues. "Embarrigar" é um dos termos do léxico que veio à tona quando as nomeações políticas das estatais se tornaram o foco das atenções.
Rodrigues é funcionário da ativa na Petrobras e ocupa uma das diretorias da Petroquisa, subsidiária da estatal para a área petroquímica. Se sua indicação fosse aceita, ele passaria a ocupar o lugar de Guilherme Estrella, igualmente funcionário da empresa, mas que estava aposentado havia dez anos quando foi chamado por José Eduardo Dutra para exercer o cargo.
O atual diretor foi presidente do PT de Friburgo (RJ) e dirigente da Federação Única dos Petroleiros. Os petroleiros, que fazem da permanência de Estrella uma questão de vida ou morte, possuem o apoio de Dutra e da ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia).
Não é a primeira vez que a diretoria de Exploração e Produção, considerada a mais estratégica da Petrobras, é motivo da disputa. Há alguns meses, atribuiu-se a Mercadante e a Delcídio uma tentativa de trocar Estrella pelo superintendente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim. Novamente, Dutra foi contra. (VM)

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