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GOVERNO SOB PRESSÃO
Divergência ocorre entre sindicalistas e técnicos mais qualificados; Severino diz que vai cobrar de Lula nomeação de indicado
Duas alas disputam direção da Petrobras
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O presidente da Câmara dos
Deputados, Severino Cavalcanti
(PP-PE), pretende cobrar amanhã do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a promessa que, diz, lhe
foi feita em duas ocasiões, de nomear Djalma Rodrigues para a diretoria da Petrobras. "Segunda é o
dia "D'", afirmou a um aliado na
semana passada.
De acordo com Severino, Lula
se comprometeu com a nomeação em duas ocasiões: a primeira
durante o vôo de autoridades brasileiras para o enterro do papa
João Paulo 2º, no mês de abril, e a
segunda em um encontro entre os
dois no Palácio do Planalto.
Os bastidores do que ocorreu
entre a palavra dada por Lula e
sua decisão de não concordar
com a troca de cadeiras na maior
estatal do país envolve uma disputa entre duas alas da empresa: a
dos sindicalistas, ligada ao presidente José Eduardo Dutra, e a
chamada "nomenclatura", composta pelos técnicos mais qualificados do corpo de carreira.
Ligações políticas
O funcionário da Petrobras
Djalma Rodrigues, indicado por
Severino, tem ligações com um
espectro de políticos que começa
no ex-ministro José Jorge, do PFL
pernambucano, passa pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e chega aos líderes petistas do Senado Aloizio
Mercadante (SP) e Delcídio Amaral (MS), com quem trabalhou
por muitos anos na empresa.
Em Brasília, atribui-se ora a Delcídio, ora à dupla José Jorge e
Marco Maciel a responsabilidade
por "embarrigar" Severino Cavalcanti da indicação de Djalma Rodrigues. "Embarrigar" é um dos
termos do léxico que veio à tona
quando as nomeações políticas
das estatais se tornaram o foco
das atenções.
Rodrigues é funcionário da ativa na Petrobras e ocupa uma das
diretorias da Petroquisa, subsidiária da estatal para a área petroquímica. Se sua indicação fosse
aceita, ele passaria a ocupar o lugar de Guilherme Estrella, igualmente funcionário da empresa,
mas que estava aposentado havia
dez anos quando foi chamado por
José Eduardo Dutra para exercer
o cargo.
O atual diretor foi presidente do
PT de Friburgo (RJ) e dirigente da
Federação Única dos Petroleiros.
Os petroleiros, que fazem da permanência de Estrella uma questão de vida ou morte, possuem o
apoio de Dutra e da ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia).
Não é a primeira vez que a diretoria de Exploração e Produção,
considerada a mais estratégica da
Petrobras, é motivo da disputa.
Há alguns meses, atribuiu-se a
Mercadante e a Delcídio uma tentativa de trocar Estrella pelo superintendente da BR Distribuidora,
Rodolfo Landim. Novamente,
Dutra foi contra. (VM)
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