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México reconhece a
hegemonia dos EUA
DO ENVIADO ESPECIAL AO MÉXICO
Durante décadas, a política externa do México baseou-se na independência em relação à Casa
Branca como forma de compensar a enorme influência cultural e
econômica dos EUA. Na quinta à
noite, o país jogou oficialmente a
toalha. Num jantar oferecido pelo
chanceler Jorge Castañeda a embaixadores estrangeiros, o governo divulgou que os pilares de sua
nova política externa passam a se
basear no reconhecimento dos
EUA como potência hegemônica.
Apelidada por Castañeda de
"bilateralismo multilateral", a nova política externa mexicana propõe alianças estratégicas com todos os países, mas reconhece o fato indiscutível de que o México
vincula-se aos EUA estreitamente, por "razões de história, de geografia e interesses concretos".
A mudança de orientação do
governo mexicano pôde ser notada desde a eleição presidencial de
julho de 2000, quando o ex-presidente da Coca-Cola no México,
Vicente Fox, pôs fim ao reinado
de 70 anos do PRI (Partido Revolucionário Institucional) no país.
Logo após os atentados de 11 de
setembro, o próprio Castañeda irritou setores do PRI e da sociedade mexicana ao dizer que os EUA
deveriam reagir militarmente.
Mais tarde, Castañeda e Fox tiveram atritos com o líder cubano Fidel Castro, antigo aliado do país.
Apesar dos sinais anteriores, o
jantar com os embaixadores foi a
primeira ocasião em que Castañeda expressou a mudança de forma consistente. O chanceler relatou aos presentes que, nas décadas de 60 e 70, a relação do México
com Cuba serviu como símbolo
de independência e de liderança.
Hoje, disse ele, a relação mudou.
Citando cifras comerciais, Castañeda relatou que a proximidade
dos EUA determinam a política
externa do país. "De 1970 a 1990,
entre 65% e 70% de nossas exportações se destinavam aos EUA.
Em 2000, essa porcentagem aumentou para 91%", afirmou.
Castañeda negou, no entanto,
que o alinhamento tenha apenas
interesses comerciais. Disse que o
México busca impulsionar valores democráticos em todo o mundo e, em especial, na América Latina e no Caribe.
(MARCIO AITH)
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