São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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México reconhece a hegemonia dos EUA

DO ENVIADO ESPECIAL AO MÉXICO

Durante décadas, a política externa do México baseou-se na independência em relação à Casa Branca como forma de compensar a enorme influência cultural e econômica dos EUA. Na quinta à noite, o país jogou oficialmente a toalha. Num jantar oferecido pelo chanceler Jorge Castañeda a embaixadores estrangeiros, o governo divulgou que os pilares de sua nova política externa passam a se basear no reconhecimento dos EUA como potência hegemônica.
Apelidada por Castañeda de "bilateralismo multilateral", a nova política externa mexicana propõe alianças estratégicas com todos os países, mas reconhece o fato indiscutível de que o México vincula-se aos EUA estreitamente, por "razões de história, de geografia e interesses concretos".
A mudança de orientação do governo mexicano pôde ser notada desde a eleição presidencial de julho de 2000, quando o ex-presidente da Coca-Cola no México, Vicente Fox, pôs fim ao reinado de 70 anos do PRI (Partido Revolucionário Institucional) no país.
Logo após os atentados de 11 de setembro, o próprio Castañeda irritou setores do PRI e da sociedade mexicana ao dizer que os EUA deveriam reagir militarmente. Mais tarde, Castañeda e Fox tiveram atritos com o líder cubano Fidel Castro, antigo aliado do país.
Apesar dos sinais anteriores, o jantar com os embaixadores foi a primeira ocasião em que Castañeda expressou a mudança de forma consistente. O chanceler relatou aos presentes que, nas décadas de 60 e 70, a relação do México com Cuba serviu como símbolo de independência e de liderança. Hoje, disse ele, a relação mudou.
Citando cifras comerciais, Castañeda relatou que a proximidade dos EUA determinam a política externa do país. "De 1970 a 1990, entre 65% e 70% de nossas exportações se destinavam aos EUA. Em 2000, essa porcentagem aumentou para 91%", afirmou.
Castañeda negou, no entanto, que o alinhamento tenha apenas interesses comerciais. Disse que o México busca impulsionar valores democráticos em todo o mundo e, em especial, na América Latina e no Caribe. (MARCIO AITH)



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