São Paulo, sábado, 29 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Partido aprovou coligação presidencial; AL, SC e RN se rebelaram contra pacto com liberais nos Estados

PT racha ao votar alianças estaduais com PL

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretório nacional do PT rachou ontem e por pouco não conseguiu atender a uma das condições impostas pelo PL para apoiar o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, a reprodução da aliança em alguns Estados.
Três diretórios petistas com forte presença dos radicais rebelaram-se contra a diretriz da direção nacional, dominada pela ala moderada: os de Alagoas, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
A solução foi levar a voto a proposta, para que a direção nacional obrigasse os rebeldes a aceitá-la. O resultado foi apertado: 34 votos a favor da imposição da coligação, 30 contra e 7 abstenções.
Se não tivesse sido aprovada a proposta, estaria em risco a aliança pró-Lula. Isso porque o PL, com o objetivo de fazer uma boa bancada federal, precisa coligar-se com o PT em alguns Estados, para atingir o quociente eleitoral mínimo para eleger deputados. Já os petistas dos Estados rebeldes rejeitam os liberais em nome de "razões ideológicas".
A reunião foi conturbada, ao ponto de a senadora Heloisa Helena, pré-candidata ao governo de Alagoas, fazer um discurso emocional, afirmando que aliar-se ao PL no Estado seria juntar-se a "colloridos e usineiros". Abandonou a reunião logo após perder, ameaçando renunciar à sua candidatura.
Tom semelhante adotou o pré-candidato ao governo de Santa Catarina, José Fritsch, que afirmou não saber se cumprirá a decisão nacional.
Os Estados têm agora de ratificar a diretriz em suas convenções estaduais, amanhã. Caso não o façam, poderão sofrer intervenção. Os candidatos rebeldes podem ser cassados e substituídos.
"O PT tomou uma decisão lamentável, colocando a burocracia do partido acima da decisão democrática de meu Estado, que rejeitou a aliança. No meu palanque o PL não sobe", declarou Fritsch.
Até amanhã, líderes do partido tentarão saída negociada para o impasse.
A cúpula petista deve conversar com a direção nacional do PL, para tentar um meio termo que preserve os interesses dos dois partidos.
Há preocupação sobretudo com a atitude de Heloisa Helena, senadora de grande visibilidade nacional. Um racha público pode repercutir mal na candidatura de Lula.
Reservadamente, líderes do PT admitiam ontem que subestimaram a resistência interna de alguns Estados à aliança.
"Há momentos em que é preciso colocar o interesse nacional acima do estadual", disse o presidente nacional do PT, José Dirceu. Sobre o racha, comentou: "Vencemos. Se o Brasil ganhar de 1 a 0 da Alemanha, não é vitória?"
Ao mesmo tempo em que tem de cumprir o acordo com o PL, os petistas tentam ao máximo evitar intervenção. Está quente na memória a desastrosa intervenção no diretório do Rio, em 1998, para obrigar o apoio a Anthony Garotinho, então candidato a governador fluminense.
"Não quero nem saber de intervenção. Tenho pesadelos só de lembrar daquela decisão", disse o pré-candidato ao governo de São Paulo, José Genoino.

Vice aprovado
Antes da polêmica votação sobre as alianças estaduais, o PT aprovou de maneira um pouco mais tranquila a aliança nacional com o PL, com 43 votos a favor, 24 contra e 3 abstenções. O nome do senador José Alencar (PL-MG) como vice de Lula recebeu 47 votos favoráveis, 21 contra e 2 abstenções. (FÁBIO ZANINI)



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