São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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PT X PT

Nove deputados e três senadores estão impedidos de representar bancada e partido

PT pune 12 por voto contra mínimo

DA FOLHA ONLINE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Executiva Nacional do PT decidiu ontem, em São Paulo, punir os nove deputados e três senadores do partido que votaram contra o salário mínimo de R$ 260 proposto pelo governo.
O documento, aprovado por nove a três, impede os congressistas de serem indicados para funções de representação de bancada e do PT. Em 2003, a Executiva do partido expulsou os deputados Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro (RS) e a senadora Heloísa Helena (AL), por votarem contra a reforma da Previdência.
Os punidos na Câmara são Orlando Fantazzini (SP), Paulo Rubem (PE), Maria José Maninha (DF), Mauro Passos (SC), Chico Alencar (RJ), Ivan Valente (SP), Doutora Clair (PR), João Alfredo (CE) e Walter Pinheiro (BA). Os senadores Paulo Paim (RS), Flávio Arns (PR) e Serys Slhessarenko (MT) completam o grupo.
A Executiva decidiu ainda abrir um processo de discussão para tentar melhorar a relações desses parlamentares com o partido.
De acordo com o documento da Executiva, "a infração disciplinar cometida pelos parlamentares se constitui em conduta reprovável". A resolução também afirma que "a natureza da divergência é essencialmente política e não de caráter ético".
Ao justificar a punição, o presidente nacional do PT, José Genoino, argumentou que a atitude dos parlamentares foi de indisciplina e não de ruptura com o partido. "Não se trata de punição dos direitos de filiados nem de suspensão, muito menos de afastamento. Trata-se do direito de representar a bancada e o partido."
Os punidos se reunirão amanhã para decidir que resposta darão ao PT. Cinco dos nove deputados ouvidos pela Folha criticaram a decisão, mas concordaram com a necessidade de uma repactuação na relação entre eles e o partido.
"A novidade na decisão não é a "geladeira", na qual estamos há muito tempo. A novidade é a palavra "repactuar". É tudo o que queremos", disse Maninha.
"A resolução é inusitada: pela primeira vez na história, um partido popular, de viés socialista, reprova quem defendeu um salário um pouco maior para quem menos ganha", disse Chico Alencar, para quem o governo Lula trata a bancada como um conjunto de "meros apertadores de botão". "Somos os primeiros a querer um novo pacto de relacionamento com o partido e o governo."
Doutora Clair afirmou que é a favor de um recurso ao Diretório Nacional do PT, e Ivan Valente reclamou que "não sabia que essa questão estava em pauta". "Quem tem razão somos nós, porque essa proposta trabalha contra a história do PT."
Para Orlando Fantazzini, a punição é pesada "porque é importante a participação nas comissões". Ele mostrou-se favorável a uma nova discussão no partido.
No mesmo encontro, a Executiva Nacional determinou que o diretório municipal do PT em Mogi das Cruzes realize uma nova convenção até amanhã e aprove a coligação com o PL, apoiando o candidato Luiz Carlos Godim.
O partido já havia escolhido Iduigues Martins e se negava a aceitar a coligação. Mogi das Cruzes é reduto eleitoral do deputado federal Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL.
A resolução da Executiva Nacional afirma que "caso a executiva municipal não efetive esta decisão, a Executiva Nacional tomará as medidas cabíveis para efetivar esta deliberação".


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