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PT X PT
Nove deputados e três senadores estão impedidos de representar bancada e partido
PT pune 12 por voto contra mínimo
DA FOLHA ONLINE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Executiva Nacional do PT decidiu ontem, em São Paulo, punir
os nove deputados e três senadores do partido que votaram contra
o salário mínimo de R$ 260 proposto pelo governo.
O documento, aprovado por
nove a três, impede os congressistas de serem indicados para funções de representação de bancada
e do PT. Em 2003, a Executiva do
partido expulsou os deputados
Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro (RS) e a senadora
Heloísa Helena (AL), por votarem
contra a reforma da Previdência.
Os punidos na Câmara são Orlando Fantazzini (SP), Paulo Rubem (PE), Maria José Maninha
(DF), Mauro Passos (SC), Chico
Alencar (RJ), Ivan Valente (SP),
Doutora Clair (PR), João Alfredo
(CE) e Walter Pinheiro (BA). Os
senadores Paulo Paim (RS), Flávio Arns (PR) e Serys Slhessarenko (MT) completam o grupo.
A Executiva decidiu ainda abrir
um processo de discussão para
tentar melhorar a relações desses
parlamentares com o partido.
De acordo com o documento da
Executiva, "a infração disciplinar
cometida pelos parlamentares se
constitui em conduta reprovável". A resolução também afirma
que "a natureza da divergência é
essencialmente política e não de
caráter ético".
Ao justificar a punição, o presidente nacional do PT, José Genoino, argumentou que a atitude dos
parlamentares foi de indisciplina
e não de ruptura com o partido.
"Não se trata de punição dos direitos de filiados nem de suspensão, muito menos de afastamento. Trata-se do direito de representar a bancada e o partido."
Os punidos se reunirão amanhã
para decidir que resposta darão
ao PT. Cinco dos nove deputados
ouvidos pela Folha criticaram a
decisão, mas concordaram com a
necessidade de uma repactuação
na relação entre eles e o partido.
"A novidade na decisão não é a
"geladeira", na qual estamos há
muito tempo. A novidade é a palavra "repactuar". É tudo o que
queremos", disse Maninha.
"A resolução é inusitada: pela
primeira vez na história, um partido popular, de viés socialista, reprova quem defendeu um salário
um pouco maior para quem menos ganha", disse Chico Alencar,
para quem o governo Lula trata a
bancada como um conjunto de
"meros apertadores de botão".
"Somos os primeiros a querer um
novo pacto de relacionamento
com o partido e o governo."
Doutora Clair afirmou que é a
favor de um recurso ao Diretório
Nacional do PT, e Ivan Valente reclamou que "não sabia que essa
questão estava em pauta". "Quem
tem razão somos nós, porque essa
proposta trabalha contra a história do PT."
Para Orlando Fantazzini, a punição é pesada "porque é importante a participação nas comissões". Ele mostrou-se favorável a
uma nova discussão no partido.
No mesmo encontro, a Executiva Nacional determinou que o diretório municipal do PT em Mogi
das Cruzes realize uma nova convenção até amanhã e aprove a coligação com o PL, apoiando o candidato Luiz Carlos Godim.
O partido já havia escolhido
Iduigues Martins e se negava a
aceitar a coligação. Mogi das Cruzes é reduto eleitoral do deputado
federal Valdemar Costa Neto,
presidente nacional do PL.
A resolução da Executiva Nacional afirma que "caso a executiva municipal não efetive esta decisão, a Executiva Nacional tomará
as medidas cabíveis para efetivar
esta deliberação".
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