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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ESTATAIS
Joel Santos Filho diz que prometeu dinheiro a Maurício Marinho, funcionário dos Correios flagrado ao receber R$ 3.000, para vencer licitação
Na CPI, autor de gravação confirma propina
FERNANDA KRAKOVICS
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à CPI dos Correios, Joel Santos Filho, autor da
gravação de um vídeo que mostra
cobrança de propina na estatal,
disse ontem que acertou com o
funcionário Maurício Marinho o
pagamento de R$ 15 mil para ganhar uma licitação na estatal.
Segundo Joel, os R$ 3.000 que o
ex-chefe do Departamento de
Contratação e Administração dos
Correios aparece colocando no
bolso, durante a gravação, seriam
um adiantamento para cobrir
eventuais despesas de Marinho
no levantamento de informações
que beneficiariam a empresa.
No depoimento ontem, Joel disse que toda a situação criada por
ele era fictícia. Ele se apresentou
ao ex-chefe de departamento com
o nome de Goldman e disse que
era diretor de uma empresa de informática chamada Allcom.
Joel foi contratado pelo empresário Arthur Washeck para fazer a
gravação. O objetivo alegado por
ambos seria derrubar Marinho,
que estaria prejudicando os negócios de Washeck nos Correios.
Maurício Marinho afirmou à
CPI e à Polícia Federal que os R$ 3.000 recebidos por ele eram
referentes a uma consultoria em
um trabalho paralelo aos Correios. O funcionário também disse que eram "bravatas" os esquemas de corrupção detalhados na
gravação, além da declaração de
que agia em nome do deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ).
"Os R$ 3.000 eram para que a
gente pudesse efetivamente ganhar uma licitação nos Correios",
afirmou Joel, que não citou o termo propina. Ele teria dito a Marinho, por telefone, que havia conseguido "adiantar um agrado",
referindo-se aos R$ 3.000.
Joel foi quatro vezes conversar
com Marinho nos Correios e recebeu R$ 10 mil para fazer a gravação. Seu acompanhante em uma
das reuniões, João Carlos Mancuso, teria recebido R$ 5.000. "O depoimento do Joel confirma que
Maurício Marinho não dizia a
verdade quando disse que fez bravatas porque ele repetiu três ou
quatro vezes a mesma coisa, de
forma coerente", disse o relator
Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Ontem à noite, Maurício Marinho mudou sua versão sobre os
R$ 3.000 que embolsou na gravação. Aos deputados da Corregedoria, ele afirmou que não recebeu o valor como adiantamento a
uma consultoria que prestaria a
empresários, mas não quis esclarecer a razão desse pagamento.
Para a oposição, Joel puxou a
conversa com Marinho para o lado da área de informática porque
o objetivo seria expor supostas irregularidades na diretoria de tecnologia dos Correios. O então diretor de tecnologia, Eduardo Medeiros, é da cota do PT. Sua vaga
era disputada por PMDB e PTB.
O depoimento de Joel durou
cerca de cinco horas. O segundo
interrogatório previsto, o de Jairo
Martins, foi adiado porque ele estava em Campo Grande (MS).
Antes do depoimento de Arlindo
Molina, que teria tentado chantagear Jefferson, a sessão foi interrompida para que a CPI assistisse
a trechos inéditos da gravação.
Joel e Arlindo Molina dividiram
a mesma cela na PF ao serem presos por conta do escândalo. "Isso
é grave. Eles tiveram toda oportunidade para tramar o que iam dizer", disse o deputado Arnaldo
Faria de Sá (PTB-SP).
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