São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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CAMPANHA

Candidato petista volta à carga contra equipe econômica e acusa governo de preocupar-se apenas com o FMI

FHC fez "roleta-russa" com país, diz Lula

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou à carga ontem contra a equipe econômica -a quem já havia classificado de "bando de agiotas"-, afirmando que ela transformou o Brasil em "cassino" e "roleta-russa".
Durante visita a uma favela em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), Lula afirmou ainda que os economistas do governo têm uma "tapa" (venda) no rosto, que não os deixaria enxergar nada além do que é ditado pelo Fundo Monetário Internacional.
"O Brasil não pode ser uma roleta-russa, tem de ser um país produtivo, não um cassino. A equipe econômica não consegue pensar em outra coisa a não ser fazer dívida", declarou o petista.
Nas últimas semanas, Lula tem se dedicado a um duplo movimento. Por um lado, investe contra especuladores e tenta se caracterizar como "candidato da produção", demarcando seu espaço de oposição, que vê sob risco com a subida de Ciro Gomes (PPS).
Ao mesmo tempo, prossegue no esforço de parecer maduro ao mercado, como na semana retrasada, quando enviou José Dirceu, presidente do PT, para conversar com banqueiros nos EUA.
No esforço de se associar à produção, Lula prometeu, ao lançar seu programa de governo, na semana passada, criar 10 milhões de empregos em quatro anos, a partir de taxas médias de crescimento econômico de 5% ao ano. No mês que vem, o PT lança dois documentos focados na criação de postos de trabalho -relativos ao cooperativismo e à agricultura.
Lula afirmou ainda que, se eleito, vai criar uma legislação para facilitar a criação de cooperativas. Disse que estudará fórmula pela qual elas possam ter menos rigidez em sua estrutura trabalhista do que as grandes empresas, ao mesmo tempo que preservam os direitos básicos dos cooperados.
"Se você imaginar a quantidade de dinheiro que o governo utiliza pelos ministérios da Educação, Saúde, pelo [programa" Comunidade Solidária, se conseguir otimizar esse dinheiro, pode canalizar para incentivar cooperativas", disse. Criar cooperativas de trabalho e crédito, segundo Lula, é uma das "grandes saídas para o Brasil".
"É uma maneira de formar cidadãos. Montar uma cooperativa de crédito é uma forma de as pessoas escaparem do sistema financeiro, terem acesso a juros mais baixos", afirmou, após visitar uma cooperativa.

Pesquisa
Ao criticar o governo, Lula condenou a relutância do presidente Fernando Henrique Cardoso em aumentar o salário mínimo. O PT anunciou que pretende dobrar o poder de compra do mínimo em seu mandato. "O presidente ainda vê um pequeno aumento no salário mínimo como custo. Deveria ver como renda. O trabalhador ganhando R$ 40 a mais não vai comprar dólar nem carro importado. Vai comprar feijão, arroz."
Segundo o petista, o déficit na Previdência, influenciado pelo aumento do mínimo, será resolvido com crescimento da economia. "Você não vai resolver achatando salário. Vai resolver diminuindo a economia informal, gerando crescimento, que vai gerar mais contribuição para a Previdência. É o óbvio ululante", disse.
Ele também criticou a proibição, pela Justiça, da divulgação de pesquisa eleitoral CNT/Sensus, após pedido de PSDB e PMDB. "Acho um absurdo, com o tanto de pesquisas publicadas, proibir a divulgação. Por mim, pode sair uma a cada meia hora que não tem nenhum problema."


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