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CAMPANHA
Candidato petista volta à carga contra equipe econômica e acusa governo de preocupar-se apenas com o FMI
FHC fez "roleta-russa" com país, diz Lula
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula
da Silva, voltou à carga ontem
contra a equipe econômica -a
quem já havia classificado de
"bando de agiotas"-, afirmando
que ela transformou o Brasil em
"cassino" e "roleta-russa".
Durante visita a uma favela em
São Bernardo do Campo (Grande
São Paulo), Lula afirmou ainda
que os economistas do governo
têm uma "tapa" (venda) no rosto,
que não os deixaria enxergar nada
além do que é ditado pelo Fundo
Monetário Internacional.
"O Brasil não pode ser uma roleta-russa, tem de ser um país
produtivo, não um cassino. A
equipe econômica não consegue
pensar em outra coisa a não ser
fazer dívida", declarou o petista.
Nas últimas semanas, Lula tem
se dedicado a um duplo movimento. Por um lado, investe contra especuladores e tenta se caracterizar como "candidato da produção", demarcando seu espaço
de oposição, que vê sob risco com
a subida de Ciro Gomes (PPS).
Ao mesmo tempo, prossegue
no esforço de parecer maduro ao
mercado, como na semana retrasada, quando enviou José Dirceu,
presidente do PT, para conversar
com banqueiros nos EUA.
No esforço de se associar à produção, Lula prometeu, ao lançar
seu programa de governo, na semana passada, criar 10 milhões de
empregos em quatro anos, a partir de taxas médias de crescimento econômico de 5% ao ano. No
mês que vem, o PT lança dois documentos focados na criação de
postos de trabalho -relativos ao
cooperativismo e à agricultura.
Lula afirmou ainda que, se eleito, vai criar uma legislação para
facilitar a criação de cooperativas.
Disse que estudará fórmula pela
qual elas possam ter menos rigidez em sua estrutura trabalhista
do que as grandes empresas, ao
mesmo tempo que preservam os
direitos básicos dos cooperados.
"Se você imaginar a quantidade
de dinheiro que o governo utiliza
pelos ministérios da Educação,
Saúde, pelo [programa" Comunidade Solidária, se conseguir otimizar esse dinheiro, pode canalizar para incentivar cooperativas",
disse. Criar cooperativas de trabalho e crédito, segundo Lula, é uma
das "grandes saídas para o Brasil".
"É uma maneira de formar cidadãos. Montar uma cooperativa
de crédito é uma forma de as pessoas escaparem do sistema financeiro, terem acesso a juros mais
baixos", afirmou, após visitar
uma cooperativa.
Pesquisa
Ao criticar o governo, Lula condenou a relutância do presidente
Fernando Henrique Cardoso em
aumentar o salário mínimo. O PT
anunciou que pretende dobrar o
poder de compra do mínimo em
seu mandato. "O presidente ainda
vê um pequeno aumento no salário mínimo como custo. Deveria
ver como renda. O trabalhador
ganhando R$ 40 a mais não vai
comprar dólar nem carro importado. Vai comprar feijão, arroz."
Segundo o petista, o déficit na
Previdência, influenciado pelo
aumento do mínimo, será resolvido com crescimento da economia. "Você não vai resolver achatando salário. Vai resolver diminuindo a economia informal, gerando crescimento, que vai gerar
mais contribuição para a Previdência. É o óbvio ululante", disse.
Ele também criticou a proibição, pela Justiça, da divulgação de
pesquisa eleitoral CNT/Sensus,
após pedido de PSDB e PMDB.
"Acho um absurdo, com o tanto
de pesquisas publicadas, proibir a
divulgação. Por mim, pode sair
uma a cada meia hora que não
tem nenhum problema."
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