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Sarney cobra ação do governo
contra movimento "fora-da-lei"
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), afirma que o
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem a "obrigação
de agir" contra os movimentos
sociais que eventualmente agirem
fora da lei. Leia abaixo a entrevista
concedida à Folha, por telefone.
Folha - Há a radicalização dos movimentos sociais no governo do PT?
José Sarney - Acho que existe
sempre uma linha muito tênue
entre os movimentos sociais, os
sociais radicais e os revolucionários. Os movimentos sociais são
saudáveis e legítimos dentro de
uma sociedade democrática, de
confronto. Se for só isso, é positivo. Mas, quando esses movimentos descambam para a radicalização, aí a coisa pode ficar negativa,
porque pode prejudicar as instituições e a normalidade do país.
Folha - O sr. acha que é isso que
está acontecendo agora?
Sarney - Há coisas que ainda estão em terreno indefinido. O governo Lula foi eleito para diminuir a tensão social e, por isso, é o
governo que tem condições de
impor concessões à elite nesse
ambiente. Mas, no momento em
que se radicaliza, as energias deixam de se concentrar nas reivindicações. Há dois tipos de conflito: os que são legais, que fazem
parte de uma sociedade democrática, e os que estão fora da lei, perante os quais o governo tem
obrigação de agir.
Folha - O sr. acha que os movimentos mais radicais estão puxando a corda para ver até onde o governo petista aguenta?
Sarney - Esses movimentos não
podem exacerbar-se e se transformar em movimentos revolucionários. O que têm de ver é que
prejudicam o governo Lula.
Folha - O sr. acha que o governo
deveria ser mais duro?
Sarney - Acho que o governo deve usar todos os seus instrumentos dentro da lei. Cito, nesse caso,
Rui Barbosa (1849-1923): "Fora
da lei não há salvação".
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