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GIRO PELA ÁFRICA
Em visita ao Gabão, presidente afirma que gestões anteriores só olhavam para o "mundo desenvolvido"
A africanos, Lula diz buscar tempo perdido
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A LIBREVILLE
Ao afirmar que deve ser o presidente do Brasil que mais visitou a
África, Luiz Inácio Lula da Silva
disse ontem, no Gabão, que tenta
recuperar "o tempo perdido" por
governos "que só olhavam para o
mundo desenvolvido".
"O governo brasileiro vai tentar,
no menor tempo possível, recuperar o tempo perdido, em que os
governantes brasileiros só olhavam para o mundo desenvolvido", disse Lula, em sua terceira
viagem ao continente, durante cerimônia no Palácio do Governo
de Libreville, capital do Gabão.
Ao defender a aproximação
com os africanos, Lula afirmou
que o Brasil "não é rico", mas que
tem "potencial". "O fato de o Brasil ser pobre não significa que não
possa ajudar outros irmãos e países em condições similares ou até
de maior pobreza."
Lula busca o apoio dos africanos para que o Brasil obtenha assento permanente no Conselho
de Segurança da ONU. A África
ocupa hoje 53 lugares na Assembléia Geral da ONU. O presidente
falou ainda sobre a renegociação
da dívida do Gabão com o Brasil,
de cerca de US$ 36 milhões.
Lula disse ser importante "olhar
para o mundo desenvolvido, mas
que não se pode esquecer dos historicamente ligados ao povo brasileiro". Ao lado de Omar Bongo,
presidente do Gabão, falou sobre
"os passos importantes" que o
país toma rumo a um "desenvolvimento mais equânime".
"Foram muitos anos em que o
sangue de homens e mulheres
africanos construíram a riqueza
do país e muitos anos sem conhecer a palavra liberdade. Hoje estamos na capital do Gabão, que significa liberdade", disse.
Bongo está no poder desde
1967, sete anos depois de o país ter
obtido independência da França.
Já sua posição em relação à democracia de seu país é vista com
cautela. Após a tomada do poder,
em 1968 ele decretou um sistema
unipartidário, só desfeito em
1991. Ainda assim, venceu disputada eleição em 1993 para presidente, reelegendo-se em 1998 para um mandato de sete anos.
Bongo tem poderes quase ditatoriais. Aponta governadores e
prefeitos e pode dissolver o Parlamento. Ainda assim, o ministro
das Relações Exteriores, Jean
Ping, assumirá em setembro a
presidência da Assembléia Geral
da ONU, o que demonstra aposta
internacional no país.
O líder do Gabão, país de maioria cristã, converteu-se ao islamismo e tem 52 filhos. Em 2005 haverá eleição e, se Bongo vencer, ficará mais sete anos no poder.
Ainda durante a visita ao Gabão, Lula assinou memorandos
de cooperação técnica entre os
dois países.
No jantar de anteontem, oferecido por Bongo, Lula dançou
samba com Matilde Ribeiro (Promoção da Igualdade Racial) e ouviu bossa nova. O presidente deixou ontem o país por volta das
12h (8h em Brasília), seguindo
viagem para Cabo Verde.
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