São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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PAINEL

Jogando na confusão
Ciente de que perdeu a batalha da Telebrás, o PT tentará colocar dúvidas na cabeça do eleitorado sobre a lisura do processo de privatização após a venda da estatal. Espera contar com a chiadeira de investidores que perderem o leilão previsto para hoje.

Não acaba hoje
Tanto o Planalto quanto o PT sabem que parte da população resiste à privatização, segundo atestam pesquisas. Por isso, o tema continuará a ser explorado após a venda da Telebrás. Com cada lado vendendo seu peixe.

A conferir
Até o PT ficará surpreso se José Dirceu aparecer com a lista dos vencedores do leilão da Telebrás. O que o partido tem é uma previsão aproximada, baseada nos interesses estratégicos regionais dos competidores e no seu poder de fogo financeiro.

Com amigos assim...
A invasão do BNDES ontem pelo MST só não foi mais violenta porque dirigentes petistas entraram no circuito como bombeiros. Argumentaram que prejudicaria muito a candidatura Lula tentar evitar a venda da Telebrás com briga e depredações.

Tiro pela culatra
No comitê de FHC, brincam que Mendonção (Comunicações) deveria fazer um monumento em homenagem ao MST. Atos antidemocráticos como a invasão de ontem do BNDES ajudam o governo a legitimar a privatização da Telebrás.

Atrás do prejuízo
Partindo da premissa de que a comunicação do governo Covas foi ruim, a campanha do tucano dividiu o Estado de São Paulo em 43 regiões (com 15 cidades em média). Cada uma terá material publicitário próprio, com o que teria sido feito na área.

Vida dura
Recentemente empossado, o ministro Valmir Campelo, do TCU (Tribunal de Contas da União), pegou uma pedreira de cara. Vai inspecionar as contas das embaixadas do Brasil.

Cena mais que normal
Sergio Amaral jamais dançou "na boquinha da garrafa". Foto do jornal de Pirenópolis que chegou a FHC o mostra como qualquer brasileiro no Carnaval. "Não tenho cara, jeito, vocação nem idade para essa dança. Estava com as minhas filhas e dancei um pouco de frevo."

Fim de novela
Chegou ao fim o processo da Receita Federal contra Collor por sonegação de imposto. Collor vai recolher R$ 1,5 milhão aos cofres públicos por conta do suposto empréstimo de US$ 5 milhões que tomou no Uruguai. Collor já assinou a notificação.

Batata quente
Renan Calheiros (Justiça) já sondou sete nomes para a ouvidoria da Polícia Federal, criada recentemente. Nenhum aceitou.

De cocar e borduna
FHC vai no fim de agosto ao Parque Nacional do Xingu, para a festa do Quarup. Dirá que, no seu governo, demarcou 32 milhões de hectares indígenas.

Dança dos números
Pesquisa Ibope divulgada ontem sobre a eleição paulista dá 24% para Rossi e 23% para Maluf. A seguir, vêm Covas (12%), Marta Suplicy (10%) e Quércia (7%). Os indecisos somam 10%. Brancos e nulos, 13%.

Guerra dos números
Júlio Campos (PFL), candidato ao governo do MT, acusa o governador Dante de Oliveira (PSDB) de manipular pesquisas para diminuir a vantagem do pefelista na eleição: "Isso é típico de quem sabe que vai perder a eleição no 1º turno".

Vôo cego
O PT ameaça ficar de fora do horário gratuito se tiver que mandar as fitas para o TSE, em Brasília. Alega que não confia nos aviões de carreira.

Visita à Folha
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado do assessor de imprensa, Leonardo da Silva Pinto.

TIROTEIO


De Walter Pinheiro (PT-BA), sobre Mendonção (Comunicações) ter dito que a Telebrás precisa mudar para não acabar como a seleção brasileira:
- O Mendonção está para a Telebrás assim como a Nike está para a seleção. Ele só pensa na sua própria imagem e está se lixando sobre o resultado da privatização para o povo brasileiro.

CONTRAPONTO

Relações perigosas
O deputado federal Cunha Bueno (PPB) procurou o colega Valdemar Costa Neto (PL) e pediu que ele escrevesse em uma lista o nome dos candidatos a deputado estadual com os quais pretendia fazer dobradinha na eleição. O PPB, o PFL e o PL fizeram coligação para as eleições proporcionais em São Paulo.
Costa Neto foi logo escrevendo os nomes sem pensar no objetivo do pepebista. Depois que terminou, perguntou o motivo do levantamento, que também havia sido preenchido por outros parlamentares.
Cunha Bueno respondeu:
- Olhe o título da lista.
- Tá escrito "Operação Alce" - respondeu Costa Neto, começando a entender o sentido do levantamento.
Cunha Bueno deu uma risada e explicou. Havia encontrado mais de 30 candidatos a deputado estadual que estavam prometendo apoiar dois, três ou mais candidatos a federal.
- Isso é traição - arrematou.



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